O cubano naturalizado brasileiro Yoandy Leal é apontado pela comunidade do vôlei, incluindo atletas e ex-jogadores, como um dos maiores jogadores do mundo. Isso está claro na campanha da seleção brasileira na Liga das Nações. A cena tem sido comum. O ponteiro abre para receber a bola e o levantador arma. Em seguida, vem um ataque capaz de desmantelar o bloqueio, explodir na defesa ou na quadra adversária. Os erros são raros.
Dono de um estilo agressivo e preciso, aquela tradicional escola cubana que combina força e técnica, Leal é um dos nomes certos da convocação para a Olimpíada de Tóquio. Convocado pela primeira vez em 2019, o atleta de 32 anos está perto de realizar o sonho de se tornar atleta olímpico. E com status de protagonista. "Temos grandes ponteiros no mundo e fico feliz em saber que as pessoas me consideram um deles. O objetivo nunca é individual. Sempre coletivo, em prol do time ou da seleção", afirmou.
Em entrevista exclusiva ao <b>Estadão</b>, o atleta de 2,01m fala do relacionamento à distância com o técnico Renan Dal Zotto (se recupera da covid-19), da Liga das Nações, prévia dos Jogos de Tóquio, e do sonho de buscar mais um ouro para o time masculino de vôlei do Brasil.
<b>Como foi superar a covid-19? Você enfrentou dificuldades físicas para voltar a jogar?</b>
Eu tive pouquíssimos sintomas. No período em que fiquei isolado em casa consegui fazer alguns exercícios passados pelo preparador físico do time e também não enfrentei dificuldades na volta. Passei bem dentro do possível pela doença.
<b>Em função da qualidade dos atletas e dos títulos que já conquistaram, o Brasil é um dos favoritos na Liga das Nações. Como lidar com essa condição?</b>
Seja qual for o momento ou a competição, a seleção brasileira sempre é apontada como uma das favoritas. E aqui na Liga das Nações não é diferente. Estamos bem, treinando e jogando bem, e sabemos que essa pressão sempre vai existir. Temos um grupo acostumado a isso. Mesmo os mais novos já chegam entendendo bem a filosofia de trabalho da seleção.
<b>A Liga das Nações pode ser considerada uma prévia dos Jogos de Tóquio?</b>
Pode e deve ser considerada uma forte preparação para Tóquio. É o único campeonato que temos antes dos Jogos e depois de uma temporada inteira sem fazer nenhuma partida.
<b>Como vocês estão lidando com a ausência do técnico Renan Dal Zotto? Vocês falaram com ele em algum momento?</b>
O Renan faz muita falta ao grupo. É um grande técnico e uma pessoa muito importante para todos nós. Sabemos que agora o foco principal tem de ser na recuperação dele e estamos na torcida por isso. Ele tem feito umas chamadas de vídeo com o time, conversa um pouco com a gente antes dos jogos e isso tem sido muito importante para o grupo inteiro.
<b>Qual é o balanço que você faz dos primeiros jogos da Liga das Nações?</b>
Fomos bem. Ainda precisamos de alguns ajustes, o que é normal principalmente depois de tanto tempo sem jogar. Mas já demonstramos que a preparação foi boa no período de treinamentos em Saquarema e estamos muito animados para aproveitar o máximo possível essa Liga das Nações já visando aos Jogos de Tóquio.
<b>O que significa ser considerado um dos melhores ponteiros do mundo?</b>
Não penso muito sobre isso. Temos grandes ponteiros no mundo e fico feliz sabendo que as pessoas me consideram um deles. O objetivo nunca é individual. Sempre coletivo, em prol do time ou da seleção.
<b>Você já tem conquistas importantes pela seleção brasileira. Qual é o balanço que você faz desses dois anos desde que se tornou o primeiro estrangeiro a defender a seleção?</b>
Eu vivi algo inédito, que é ter um jogador naturalizado na seleção brasileira, e não tenho como escapar dessa situação. Eu me naturalizei por opção própria, depois de jogar anos no Brasil e amar o país. Sou muito feliz jogando pela seleção do Brasil, representando o Brasil, e acho que tudo vem fluindo muito bem.
<b>O que você espera dos Jogos Olímpicos?</b>
Jogar uma edição de Olimpíada é um sonho. Sempre foi, e agora estou cada vez mais perto dessa realização. Espero poder ajudar a seleção brasileira e não tem o que esperar senão estar no pódio, que sabe até conquistar a medalha de ouro, pelo Brasil.