O talento de Paulo José é indiscutível, mas, observar uma sequência de cenas de seus filmes, como apresentada em Todos os Paulos do Mundo, é capaz de deixar qualquer espectador boquiaberto. Os diretores Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira detalham o envelhecer de um mito, hoje em luta contra o Parkinson. Mas, se Paulo José exibia uma contagiante vitalidade em sua fase jovem, encanta pela resistência contra a doença que insiste em calar sua forma de fazer arte, já na velhice. Faz lembrar a imagem da árvore que resiste ao vendaval.
É esperado que documentários como este enalteçam o homenageado, destacando apenas seus bons momentos. Mas a trajetória de Paulo José coincide com a da arte brasileira, especialmente o cinema e a TV. Afinal, ele foi um padre que pecou por amor, sonhou ter todas as mulheres do mundo (e ficou com uma só), deu vida a um herói sem nenhum caráter, e, já debilitado, viveu o artista de circo que discute a profissão com o filho em crise. Trabalhos delicados, que o tornam um dos atores mais completos e complexos da cena brasileira.
Legalize Já – Amizade nunca morre
(Brasil/2017, 90 min.)Dir. de Johnny Araujo, Gustavo Bonafé, com Renato Góes, Ícaro Silva, Ernesto Alterio.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.