É início da década de 70, ápice do confronto entre militares e comunistas, espalhados pelo País em guerrilhas. Em meio a este cenário, Afroníger Carvalho de Oliveira, estivador do porto de Recife, é envolvido em acusações infundadas e preso.
Pai de três filhos e casado com Helena, Afro não concordava com a ditadura militar, mas, apesar disso, nunca chegou a se envolver diretamente na luta contra o sistema. Mas a sua falha foi ter quatro amigos que dedicaram suas vidas à causa, os guerrilheiros da VAR-Palmares.
Afro não aceitava entrar nesta guerra pelo simples fato de que havia servido ao Exército aos 18 anos e, por isso, conhecia o sistema de perto. Sabia que era uma disputa desigual, com potencial bélico e número de combatentes desiguais. Por isso, escolheu por ser feliz com sua família.
Mas não foi este o entendimento do coronel Febrônio Machado, fiel à sua pátria e capaz de matar qualquer um que represente risco a ordem do país. Rapidamente, Afro tem sua imagem ligada ao comunismo e é preso em seu trabalho pelos militares e levado para a Casa de Detenção de Recife.
Na prisão, conheceu um instrumento de tortura denominado "A Besta de Cedro", o mais cruel símbolo da tortura utilizado pelos militares. Mas o fato de estar sendo levado à morte sem motivos o incomoda e, do alto dos seus 1,95m de altura e 110 kg, ele não se deixa levar, agride militares, mas não há para onde fugir.
Capturado, é espancado, colocado em um jipe e levado em direção a um rio, "cemitério" de presos políticos, onde seria afogado. Mas um golpe do destino fez com que o jipe que o conduzia perdesse o freio, precipitasse de uma ponte e, tanto Afro quanto os militares, caíssem no rio.
Olavo e Lourival viram toda a cena, e conseguiram resgatar Afro. Os demais morreram no acidente. Ele, então, é levado para o hospital do missionário Karl, enquanto o coronel Machado fica ciente do ocorrido e transforma o acidente em uma emboscada, culpando Afro pela morte dos militares.
Agora, Afro é considerado foragido, mas não será fácil permanecer anônimo, com todo o exército em seu encalço e Machado sedento por vingança em busca da morte de quem ele apelidou de Zumbi Vermelho.
Em meio a fugas pela sobrevivência, Afro, Karl e Olavo se refugiam em um vale escondido, o Vale Escol, onde ajudam a desenvolver a humilde comunidade do sertão pernambucano.
Afro tem de viver com a dor da distância da família, o medo de ser recapturado, a responsabilidade pelas vidas do Vale Escol. Só restam dois caminhos: permanecer no anonimato em defesa da própria vida ou tentar enfrentar o problema, e lutar pela vida ao lado de sua família, contra o duro sistema militar, o ódio de Febrônio Machado e a aterrorizante "Besta de Cedro".
República do Tacape
Autor Rogério Rezende
Editora United Press
Páginas 414
Custo Médio R$ 32
Ano 2004