Livros com lições de moral são encontrados às centenas nas bibliotecas e livrarias. Mas o escritor Markus Zusak, autor do best-seller "A Menina que Roubava Livros", fugiu do padrão e em "Eu sou o Mensageiro", nada de estereótipos de filósofos, bons e bem sucedidos mocinhos. A figura central desta ficção é um jovem comum, na transição da adolescência para a fase adulta.
Ed Kennedy, 19 anos. Profissão: taxista. Histórico familiar: o pior possível. Círculo de amigos: um bando de fracassados. Nada que o credenciasse a dar lição de moral a alguém.
Justamente sob este contexto que o taxista se vê envolto em uma trama enigmática que o torna "o mensageiro". Ed perdeu seu pai, vítima do alcoolismo; sua mãe, ainda viva, quando o encontra, demonstra toda sua amargura e um mau humor que parece interminável. Em casa, no subúrbio, seu melhor amigo se chama Porteiro, velho, com 17 anos, tem um pêlo preto, um "futum" inconfundível e um vício em café pouco visto em animais. Porteiro era o cachorro de seu pai, e virou herança assim que o coroa bateu as botas.
Sua vida comum de simples taxista muda de rumo quando acontece um assalto a banco. Ed está ao lado dos seus colegas falatrões Marv e Audrey, enquanto um bandido com meia no rosto obriga os funcionários a encherem uma sacola de dinheiro.
Apesar da tensão do momento, a principal preocupação de Marv é com seu carro, um Falcon azul caindo aos pedaços, que está parado do lado de fora e pode ser multado, enquanto o ladrão demora a cumprir sua missão.
Porém, Ed não contava com uma falha bisonha do bandido. Quando o mesmo está para se retirar do banco, com as chaves do carro de Marv – entregue sob protestos e ameaças -, a arma cai de suas mãos e ele nem percebe. Quem não se dá conta do que faz é Ed, que, instintivamente, pega a arma e sai atirando em direção ao meliante, enquanto este penava para fazer o Falcon de Marv ligar.
A polícia chega, prende o ladrão e Ed, do dia para a noite, ganha notoriedade como o taxista herói. Justamente após este fato, as noites jogando cartas com seus amigos fracassados mudam de roteiro.
Ed começa a receber esporadicamente cartas enigmáticas com algumas missões. Em cada envelope recebido, uma carta de baralho, endereços e horários. Ele demora para tomar coragem de visitar o primeiro local, mas quando consegue, a cena não é das melhores.
Rua Edgar, n° 45, perto da meia-noite. Escondido, Ed observa um homem tropeçando pelo caminho, bêbado. Ao chegar, grita raivosamente para uma mulher dentro de casa. Ele a segura, tira sua roupa e a força a ter relações sexuais com ele. Pouco depois, uma garotinha aparece na varanda chorando.
O sentimento de inconformismo surge na hora… mas Ed é um cagão. E não foi desta vez que ele tomou alguma atitude.
Já está claro para ele. A cada carta que recebe, Ed sabe que tem uma missão a cumprir. Ele foi escolhido para socorrer, apesar de nem sempre estar preparado, mas as situações o farão aprender a mudar e ser mudado. Ajudar, nem que, para isso, seja preciso machucar alguém – ou a ele mesmo. Só resta uma dúvida: Quem é o responsável por lhe designar cada uma de suas missões?
A moral da história aqui aparece de forma subliminar. Zusak ensina diversas lições, em uma mistura de humor, sarcasmo e com espaço para o amor também.
Eu sou o Mensageiro
Autora Markus Zusak
Editora Intrínseca
Páginas 318
Custo Médio R$ 25
Ano 2007