Depois de a presidente Dilma Rousseff dizer, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não pode ser transformado em “Judas” por causa das medidas impopulares do ajuste fiscal, o vice-presidente Michel Temer afirmou que Levy é “muito menos Judas e muito mais Cristo”. A atuação do ministro está na mira de setores do PT, que realiza um congresso de 11 a 14 de junho em Salvador (BA).
“Eu penso que o ajuste fiscal que o Levy está levando adiante vai representar exatamente isso: no primeiro momento parece uma coisa difícil, complicada, mas que vai dar os melhores resultados”, afirmou Temer a jornalistas, ao chegar ao gabinete da Vice-Presidência. Depois, emendou: “Ele (Levy) tem de ser tratado como Cristo, que sofreu muito, foi crucificado, mas teve uma vitória extraordinária na medida em que deixou um exemplo magnífico, um exemplo extraordinário para todo mundo.”
Temer tem sido um dos principais articuladores da aprovação das medidas do ajuste fiscal no Congresso. Ontem à noite ele se reuniria com Levy, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e líderes da base no Senado para tratar do panorama de votações desta semana na Casa. Hoje ele deverá discutir com líderes da Câmara para tratar do projeto de lei que revê a política de desoneração da folha de pagamento. A votação dessa proposta é encarada pelo Planalto como o “Dia D” do ajuste fiscal”.