Liam Neeson já tinha 15 anos de carreira, batendo e apanhando na TV e no cinema, quando Steven Spielberg fez dele o protagonista de A Lista de Schindler. Foi a primeira grande reviravolta na trajetória do ator irlandês, mas houve outra, 15 anos depois, quando ele fez Busca Implacável, em 2008. Neeson, aos 56 anos (nasceu em 1952), virou astro de ação. O filme arrebentou,
mas o sucesso não se repetiu com Esquadrão Classe A, que tinha o reforço de outro queridinho do público (Bradley Cooper). Detestado pelos críticos, Busca 2 confirmou o apelo do astro na bilheteria – como Bryan Mills.
O que esse cara tem de tão interessante? No primeiro filme, como ex-agente, Mills usa suas habilidades para resgatar a filha, que foi sequestrada. Forma inimigos, e no segundo filme a garota é sequestrada com a mãe. Mais pancadaria, tiros. Em Busca Implacável 3, a trama não é mais de sequestro.
Mills/Neeson começa o filme comprando um presente para a filha (já era assim no primeiro filme, lembram-se?). Ele chega em casa e encontra a mulher (Famke Janssen) morta. A polícia chega, prova de que houve uma armação contra ele, e começa a caçada. Ao mesmo tempo que foge de Forest Whitaker (como policial), Mills busca os responsáveis pelo crime. Entra em cena a máfia russa. Papai vai ter de bater (e disparar) muito para provar a inocência e proteger a filhota.
De novo vale perguntar – o que isso tudo tem de interessante? Neeson possui uma persona sólida, é bom ator. O público acredita nele como pai de família disposto a tudo para proteger a filha. Não importa que tudo o que ele diz ou faz parece meio repeteco. O que conta é a habilidade do diretor Olivier Megaton para criar cenas de ação. Você já deve ter ouvido que o filme é previsível. Ah, é? Apresente-se quem previu a cena do carro no elevador, ou a sensacional capotagem do contêiner.
Como os anteriores filmes da franquia, Busca Implacável 3 é uma produção de Luc Besson. O francês está tentando revolucionar o cinema de ação. Às vezes acerta, às vezes não. Megaton é homem de confiança em seu esquema. Se é eficiente com atores como Timothy Olyphant e Jason Statham, por que imaginar que Liam Neeson, com sua massa física intimidatória e capacidade de interpretar, não vai ajudá-lo a envolver o público? É o que está ocorrendo, e arte não tem nada a ver com isso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.