Liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no dia 28/04, os testes rápidos de Covid-19 ainda não chegaram às grandes redes farmacêuticas de Guarulhos. O GuarulhosWeb entrou em contato com cinco delas e, em todos os casos, a resposta foi negativa.
O novo exame é capaz de detectar a presença de anticorpos (IgG e IgM), que são produzidos pelas células de defesa pelo corpo humano contra a Covid-19 após o contato com vírus, por meio da coleta de uma gota de sangue. Eles podem ser detectados com melhor sensibilidade após o 7º dia de início dos principais sintomas, que são febre, tosse e dificuldade para respirar, de acordo com as indicações do Ministério da Saúde.
Com uma loja em Guarulhos, a Pague Menos disponibiliza o teste em duas unidades de Fortaleza, desde que haja o agendamento prévio, com dia e horário marcados. O cliente que optar pelo por drive thru, deve permanecer em seu carro, no estacionamento, onde o farmacêutico responsável irá até o seu encontro protegido para realizar a coleta do material. Existe também a opção do procedimento realizado em domicílio, com uma equipe de farmacêuticos indo até a casa do paciente, se assim for agendado.
O resultado do laudo, atestado por clínicas especializadas e notificado ao Ministério da Saúde, sai dentro de 30 minutos e será compartilhado no e-mail do paciente. O valor do exame é R$ 193 caso seja feito nas farmácias ou R$ 273, quando a opção solicitada for em domicílio.
As farmácias Raia e Drogasil ainda não trabalham com a realização do teste rápido. “Estudamos o tema e estamos em busca de fornecedores que tenham os testes mais precisos do mercado, pois para a empresa é fundamental que o serviço seja realizado com qualidade e segurança para os clientes e para toda a sociedade”, afirmaram, em contato com a reportagem.
A exemplo das concorrentes, a Farmais, rede que possui quase duas dezenas de unidades em Guarulhos, não está trabalhando com os testes até o momento.
Médica não garante confiança no teste
Maura Neves, médica da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, explica que os testes não são iguais e é preciso respeitar o tempo de manifestação da doença para poder ter um resultado real. O chamado teste rápido para anticorpos é parecido com o teste de farmácia de gravidez, com resultado imediato, mas que, segundo ela, nem sempre são confiáveis.
“Cada teste tem uma limitação, ou seja, uma janela para falsos positivos ou negativos. Por isso, o resultado deve ser avaliado pelo médico. Simplesmente comprar um teste na farmácia sem saber interpretar qual é o melhor para o seu caso e não saber interpretar o resultado pode ser uma boa estratégia para gastar dinheiro à toa e até para esmorecer os cuidados com a disseminação da doença, correndo o risco de transmiti-la a familiares por descuido ou desinformação”, explica Maura.
De acordo com a médica, são oferecidos dois tipos de exames aos pacientes, o PCR RT, um deles é o teste “do cotonete”, no qual é realizada a coleta de secreção da nasofaringe (fundo do nariz) com a passagem de haste de algodão pelas narinas para a identificação do vírus no corpo. “Ele deve ser feito na primeira semana de sintomas, idealmente após o quarto dia do início dos sinais. Antes disso, há grande chance de vir negativo. O exame também pode ser feito, no máximo, até o décimo dia de início dos sintomas, mas quanto mais tempo passar após o quarto dia, maior a chance de ter falso negativo”, afirma.
O outro tipo de exame é a sorologia, que identifica anticorpos no sangue. Maura explica que os anticorpos começam a ser produzidos e detectados no sangue após 10 dias do início dos sintomas. Dessa forma, este é um exame que não deve ser realizado no início da enfermidade ou o resultado será impreciso. “Há ainda anticorpos específicos que só vão aparecer a partir do 14º dia do início dos sintomas. Por isso é fundamental avaliar quando os sinais começaram e avisar o médico responsável sobre esse prazo para que ele possa indicar qual é o exame mais indicado para aquele paciente”, conclui.