Assim como a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos (EAU) querem se posicionar como ponto de conexão para as exportações brasileiras de alimentos para os países da região. Além da ampliação dos embarques de carnes e grãos para o Oriente Médio, os empresários emiradenses também projetam parcerias para desenvolvimento da cadeia produtiva local no país.
No primeiro painel temático da "Brazil Emirates Conference", realizada pelo Lide em Dubai, o presidente da Associação das Indústrias de Alimentos e Bebidas dos Emirados Árabes Unidos, Saleh Lootah, elencou as possíveis sinergias entre os dois países no setor e admitiu que a preocupação com a segurança alimentar no país aumentou após a pandemia de covid-19. Apenas 4% das terras dos Emirados são cultiváveis.
Lootah defendeu a eliminação de barreiras ao comércio bilateral e propôs parcerias em tecnologia na produção alimentícia. O executivo emiradense citou o potencial do Brasil para resolver as dificuldades de suprimento do Oriente Médio e apontou como os Emirados podem se tornar o principal corredor para entrada dos produtos brasileiros na região. "Além de carnes e soja, o Brasil tem uma enorme oportunidade para vender outros produtos, como frutas, café e açúcar para os países membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG)", projetou.
Como já havia dito aos executivos sauditas em Riad nesta semana, o ex-ministro da Agricultura do Brasil (2003 a 2006) Roberto Rodrigues destacou aos empresários emiradenses a estabilidade e confiabilidade do agronegócio brasileiro. "Em um mundo deflagrado, há muita reclamação de agricultores de países desenvolvidos em relação à perda de subsídios. Mesmo em países emergentes, há problemas que não acontecem no Brasil", garantiu.
Na abertura do evento, o secretário adjunto de Comércio Exterior do Ministério da Economia dos Emirados Árabes Unidos, Juma Al Kait, apresentou dados sobre o crescimento do comércio entre os dois países e lembrou que 2023 marcou os 50 anos de relações diplomáticas entre os Emirados e o Brasil. "Nas Américas, a nossa corrente de comércio com o Brasil só é menor que o fluxo com os Estados Unidos", enfatizou.
Juma Al Kait ainda citou a recente adesão dos Emirados Árabes Unidos aos Brics e a participação do país como convidado nas reuniões do G20 neste ano, sob a presidência brasileira no grupo. "Podemos ser para as empresas brasileiras um ponto para acesso ao Oriente Médio e Ásia, enquanto o Brasil é para nós um ponto de acesso à América do Sul. Acredito que podemos nos apoiar nos planos de longo prazo para sustentabilidade de ambos os países", concluiu.
<i>*O repórter viajou a convite do Lide.</i>