Em reunião na noite desta segunda-feira (22) na residência oficial da presidência da Câmara, líderes da base aliada acertaram focar as atenções na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) proposta pelo senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) para investigar a atuação do frigorífico JBS no mercado financeiro. A instalação do colegiado é uma reação da base aliada à empresa, cujos executivos citaram o presidente Michel Temer em delação premiada.
Vice-líder do PMDB na Câmara e um dos principais defensores de Temer, o deputado Carlos Marun (MS) chegou a afirmar na tarde desta segunda-feira que começaria a colher assinaturas para instalar uma CPI na Casa para investigar a delação da JBS. A pedido de líderes da base aliada, porém, Marun recuou e desistiu de propor a instalação da comissão. “Devemos assinar a CPI Mista proposta pelo senador Ataídes”, disse o peemedebista.
Ataídes Oliveira começou a coletar também nesta segunda-feira assinaturas para instalar uma CPMI com o objetivo de investigar o frigorífico JBS. O requerimento distribuído pelo tucano aos parlamentares faz menção aos “danos causados” pela empresa ao mercado financeiro, em referência a uma suposta operação de compra de dólares por parte da companhia antes da divulgação do conteúdo das denúncias.
Para instalar a CPMI, Oliveira precisa de, no mínimo, 27 assinaturas de senadores e 171 de deputados federais. O senador disse ter consultado parlamentares como o senador Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB; Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), 1º vice-presidente do Senado; e André Moura (PSC-SE), líder do governo no Congresso. Oliveira espera conseguir todas as assinaturas e iniciar os trabalhos do colegiado em até 15 dias.
“Nós precisamos chamar esses irmãos Batista para eles explicarem como foi que, em uma semana, eles lucraram US$ 700 milhões com câmbio e venda de ações. Tinham informações privilegiadas”, disse Oliveira, ao citar os empresários Joesley Batista e Wesley Batista. Se for efetivamente instalada, a CPMI será formada por 13 senadores e 13 deputados.
O senador negou que a ação seja patrocinada pelo governo e tenha caráter revanchista diante da divulgação de áudios contra o presidente da República e a gestão peemedebista. “Isso não tem nada a ver com o governo, não falei com o Temer. Não tem nada a ver com Lava Jato. Tem que explicar para o povo. Esses rapazes têm que explicar para a sociedade. Roubou, usurpou o povo brasileiro e foi embora do País.”