Líderes de alguns partidos da base e da oposição vão sugerir ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que aguarde o fim da janela de 30 dias para o troca-troca partidário para instalar as comissões da Casa.
O argumento deles é de que seria prudente esperar, para evitar que as siglas tenham que trocar integrantes e presidentes dos colegiados a que têm direito indicar, após as trocas de partidos pelos parlamentares.
A janela para troca partidária sem risco de cassação de mandato por infidelidade foi aberta em 18 de fevereiro, após promulgação de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nesse sentido pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
O novo líder do PP, Aguinaldo Ribeiro (PB), é um dos que defenderá a proposta a Cunha. “A maioria dos partidos vai perder e receber novos deputados. Como fica se eu indicar alguém que depois mudar de partido?”, afirma.
O líder da oposição na Câmara, deputado Miguel Haddad (PSDB-SP), reconhece que esperar o fim da janela poderia trazer algum prejuízo para a atividade legislativa, mas defende que seria de “bom senso” esperar o fim do período.
“Haveria mais vantagens. Quem for para um partido novo como fica?”, diz o tucano. O líder do DEM, deputado Pauderney Avelino (AM), vai na mesma linha. Para ele, é “boa” a tese de esperar o fim da janela para instalar as comissões.
Resistência
A proposta, no entanto, deve enfrentar resistência de outros líderes. “Não tem cabimento. Seria um prejuízo para País, que tem uma pauta importante que precisa ser analisada pelas comissões”, defende Afonso Florence (BA), líder do PT.
O petista observa que adiar a instalação das comissões atrasaria a votação em plenário de uma série de medidas importantes. “Tem que instalar nesta semana. Não dá para ficar adiando”, disse Florence.
O líder do PPS, Rubens Bueno (PR), também critica a ideia. Para ele, esperar até 19 de março para instalar as comissões traria prejuízo à atividade legislativa. “Quem indicar deputado que mudou de partido que substitua depois”, defende.
À frente da maior bancada da Câmara, o líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani (RJ), disse ainda não ter posição sobre a proposta. “Vamos aguardar a próxima semana para discutir”, afirmou o peemedebista.
O presidente da Câmara disse que já ouviu a proposta de alguns líderes e que colocará em discussão durante reunião na próxima terça-feira, 1º, para tratar do assunto. “Vamos discutir com eles”, disse Cunha ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Na última semana, o peemedebista mudou de ideia e anunciou que não esperaria mais as respostas do Supremo Tribunal Federal (STF) aos embargos protocolados pela Câmara contra o rito do impeachment para instalar as comissões.
Eduardo Cunha lembrou ainda que as mudanças de deputados não afetarão a divisão da composição das comissões da Câmara, pois elas se baseiam nas bancadas eleitas em 2014.