Líderes globais de finanças apelaram a autoridades de bancos centrais neste sábado para estender pelo maior tempo possível as políticas de baixas taxas de juros que têm tornado empréstimos mais atrativos e ajudado a garantir o avanço da recuperação, ainda frágil, da economia global.
Em comunicado após o 36º encontro do Comitê Financeiro e Monetário Internacional (IMFC, na sigla em inglês) do Fundo Monetário Internacional (FMI), 189 nações declararam que “a recuperação não está completa” mesmo oito anos após a crise financeira global de 2008. No documento, os países alertaram que “não há espaço para complacência”, pois há novos desafios para o crescimento global, como ataques cibernéticos a sistemas de segurança e eventos climáticos mais extremos, associados às mudanças climáticas.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (banco central dos EUA) já elevou as taxas de juros de curto prazo duas vezes neste ano e começou a reduzir seu portfólio de títulos, movimento que pode levar a taxas de longo prazo mais altas. Na Europa, o euro tem se valorizado com a expectativa de que o Banco Central Europeu pode retirar seu programa de estímulo à economia. O BCE tem reunião marcada para 26 de outubro.
Os líderes globais também trataram, nos bastidores, de esforços para entender melhor as implicações da administração Trump e a agenda “America First”. O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse ter tido discussões produtivas em cerca de 20 reuniões individuais com líderes de outros países, além de sessões conjuntas do FMI e de comitês do Banco Mundial e nos dois dias de encontros do grupo das 20 maiores economias do mundo, o G20.
O ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, afirmou que os encontros desta semana com a administração Trump foram mais amenos do que os do começo deste ano, quando a equipe tinha acabado de assumir. Desta vez, segundo Schaeuble, houve melhor compreensão dos objetivos do governo norte-americano.
Trump ganhou as eleições com a promessa de fortalecer o cumprimento de regras comerciais dos EUA e diminuir déficits comerciais com países como China e México. “Nós acreditamos no comércio livre, justo e recíproco”, disse Mnuchin a repórteres neste sábado, acrescentando que o governo Trump está apenas tentando garantir que trabalhadores e empresas dos EUA sejam tratados com justiça em acordos comerciais.
Schauble, que neste ano preside o grupo financeiro do G20, disse acreditar que a reação contra a globalização tem dado lugar a uma melhor compreensão de que a busca por maior prosperidade para todos depende da maior cooperação entre as nações.
Mas o governo dos EUA tem percorrido caminho oposto. Neste semana, os EUA deixaram de integrar a Unesco, a agência da Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura. O país tem esboçado um acordo comercial com países da Ásia e do Pacífico e ameaça deixar um acordo de livre comércio com o Canadá e o México. Também tem se recusado a prover capital adicional ao Banco Mundial, a menos que a entidade reveja a forma como concede empréstimos.
Em seu discurso neste sábado, Mnuchin declarou que gostaria de ver o FMI sendo um “defensor mais contundente” do crescimento global por meio da imposição de vigilância mais rigorosa das políticas econômicas que vêm sendo buscadas pelos países membros da entidade, assim como examinando mudanças que precisam ser feitas por países com grandes excedentes comerciais.
Também neste sábado, a filha do presidente Donald Trump, Ivanka Trump, junto com um conselheiro da Casa Branca, lançou junto com o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, uma iniciativa de apoio a mulheres empreendedoras. Na ocasião, Ivanka disse à plateia que quer “gastar muito tempo oferecendo qualquer valor que puder como mentora”. Fonte: Associated Press.