Na reta final da campanha eleitoral, líderes religiosos de igrejas cristãs subiram o tom de seus discursos e pregações, nos encontros com os fiéis, contra votos em candidatos do PT, por conta do plano de governo do partido, que considera a possibilidade de aprovar a realização de aborto no Brasil. Como o tema ganhou grande dimensão, a candidata à Presidência, Dilma Rousseff, nesta semana, afirmou que é, pessoalmente, contra a prática, numa contradição ao programa de seu partido.
"Uma questão que nos preocupa com a eleição da candidata do PT é a possibilidade de regulamentar o aborto no País. Esta lei aprovada irá na contramão da lei da vida e as de Deus. Tomara que mude sua opinião", declara o Pastor Maurivan, da Igreja Apostólica Redentos Oliveira.
O bispo diocesano dom Luiz Gonzaga Bergonzini, o primeiro a se manifestar contra os candidatos do PT, em uma carta aberta publicada ainda em agosto no site na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), acredita que o tema polêmico não seja uma questão religiosa e sim de saúde pública, considerando que o procedimento muitas vezes é realizado em estabelecimentos clandestinos. Ele ainda complementa que "o Partido dos Trabalhadores aprovou o projeto de regularização do aborto como uma questão interna. Inclusive dois deputados federais no último ano (Henrique Afonso (PV/AC) e Luiz Bassouma (PV/ BA)) foram expulsos do PT por não aprovarem o projeto internamente", disse Dom Bergonzini.
O sacerdote de umbanda Bruno Giordano aponta vertentes sobre a evolução da vida e o seu direito, mas acredita que a lei não deve determinar a existência ou não do ser humano. "Sou a favor do direito à vida independente das consequências. Ela é uma questão de evolução e não se deve tirar o direito de existir a vida ou realizar pré julgamentos. Apesar de polêmico, o aborto apenas é considerável quando em determinada situação é necessário optar pela vida da mãe, que tem maiores condições da dar continuidade a sua vida, ou pelo ser em estado de gestação", destaca.
Contrário ao projeto petista, Gilvan Leite, líder evangélico, declara que candidatos com essa conduta não merecem o respeito da população. "Sou a favor da família, até porque ninguém pede para vir a mundo. Nenhum postulante aos cargos públicos que aprove esta iniciativa merece o voto do cidadão", finaliza Leite.