Em discurso no plenário, o senador Lindbergh Farias (PT-TJ) pediu nesta quarta-feira, 3, apoio dos colegas para barrar qualquer proposição legislativa que concede autonomia para a escolha do presidente e dos diretores do Banco Central (BC). Durante a abertura do ano Legislativo ontem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) alçou a proposta como uma das prioridades para 2016 e disse que o debate não pode ser postergado.
“Eles querem um mandato fixo que perpassa os mandatos presidenciais. De que adianta eleger um presidente da República se você não pode nomear o presidente do BC?”, questionou o petista. “A tese do Banco Central independente é deixá-lo aprisionado aos interesses do mercado”, criticou.
Lindbergh citou o fato de que, em alguns momentos, como em janeiro, não se pode olhar apenas para a elevação de juros para conter a inflação sem levar em conta o ambiente econômico deteriorado. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a Selic em 14,25% ao ano, apesar de sinalizações anteriores de aumento dos juros, foi criticada por suspeita de interferência política.
Em aparte, o senador João Capiberibe (PSB-AP) concordou com o petista e disse que dar autonomia ao BC é “entregar o resto” ao dizer que 50% do esforço do País no ano passado foi para pagar os serviços da dívida pública. O senador do PT disse que, na volta do carnaval, pretende reunir um grupo de parlamentares para conversar com Renan sobre a agenda que ele apresentou para a Casa em 2016.
Ele criticou Renan por ter incluído entre as prioridades, além da autonomia do BC, os projetos que tratam da terceirização e que desobriga a Petrobras ser a operadora única na exploração do pré-sal. “Essa agenda aqui que ele quer nos oferecer nós não vamos aceitar”, afirmou.