O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta segunda, 6, que a federação que deve ser formada entre sua sigla e o União Brasil é um passo para a fusão entre as duas legendas. Na visão do deputado, o País terá, em alguns anos, apenas sete ou oito partidos, devido à reforma eleitoral de 2017, que dificulta o acesso de agremiações pequenas e com pouca capilaridade nacional aos recursos dos fundos partidário e eleitoral.
"Se deve pensar bastante antes de fazer, mas se o meu partido e o União Brasil chegarem a um acordo de governança de que a federação será compatível para os dois partidos, depois de duas eleições ou quatro anos, sair dela vai se tornando cada vez menos provável. Até porque, na raiz dos partidos a cepa é a mesma. Como nos partidos de esquerda que estão federando também a cepa é a mesma", declarou Lira, durante reunião do Conselho Político e Social (COPS) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Pela lei, os partidos que se unem em federações devem atuar juntos por pelo menos quatro anos no Congresso e nas eleições majoritárias, o que significa que devem lançar um único candidato a cargos como o de presidente da República, governador, prefeito e senador. "Se houver federação entre Progressistas e União Brasil, é uma etapa para a fusão. É um noivado, um namoro", emendou o presidente da Câmara.
"Nós vamos caminhar para uma diminuição partidária, claro, talvez para 7 ou 8 partidos. Dois de esquerda, dois de direita e uns três de centro. É o que a gente desenha. Para diminuir isso, acho que mais a curto prazo, são as federações", defendeu Lira.
Ao ser questionado sobre o possível fim da reeleição para presidente da República, Lira disse que antes seria preciso debater um mandato presidencial de cinco anos e a realização das eleições municipais no mesmo ano do pleito nacional, para que o País não fique "sem funcionar" a cada dois anos. No evento, o presidente da Câmara também voltou a defender a adoção do semipresidencialismo no País a partir de 2030 ou 2034, mas negou que queria ser primeiro-ministro ao dizer que até lá pretende já ter encerrado sua vida política.
Na semana passada, em busca de entendimentos regionais, o União Brasil e o PP adiaram mais uma vez o anúncio da federação. O <b>Broadcast Político</b> apurou que a demora em fixar um prazo se deve à dificuldade para fechar acordos sobre os comandos em algumas executivas estaduais. Segundo relatos de fontes à reportagem, esses cargos devem ficar com quem tiver mais poder político local.
A federação começou a ser negociada logo após o primeiro turno das eleições do ano passado. No PP, a articulação é liderada por Lira e pelo dirigente nacional da sigla, Ciro Nogueira (PI). No União, estão à frente das conversas o vice-presidente da legenda, Antonio Rueda, e o líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento (BA).
Um dos objetivos é fazer frente ao PL, presidido por Valdemar Costa Neto, que tem 99 deputados e 12 senadores. A federação, caso se concretize, contará com, no mínimo, 106 assentos na Câmara e 15 no Senado. Caso consiga fechar também a negociação com o Avante, o grupo ficaria 113 deputados.
Com mais de 100 deputados, o grupo ganha força e passa a ter um poder de barganha indiscutível – o que poderá usar em votações -, além de aumentar seu passe para pleitear cargos na Esplanada e posições de destaque no Congresso, como em comissões e relatorias de projetos importantes. Ao ultrapassar o PL, a federação se torna indispensável ainda nas eleições, tendo em mãos os maiores fundos partidário e eleitoral.
A composição, contudo, não é unanimidade nas bancadas do União e do PP, apesar do acordo avançado nas cúpulas partidárias. Os parlamentares temem perder influência na disputa por prefeituras em 2024.