O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e atual diretor vice-presidente do Insper, Marcos Lisboa, afirmou nesta quarta-feira, 01, que apesar de o sistema de concessão de crédito brasileiro ser robusto atualmente ainda é possível avançar muito mais. Na avaliação dele, que esteve no governo no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, há duas possibilidades de agenda a serem seguidas: uma boa e uma ruim.
A melhor agenda, de acordo com Lisboa, é a que reduz o custo do crédito, acompanhada de um fortalecimento das garantias. Ele avaliou que algumas das medidas anunciadas neste ano pelo Ministério da Fazenda seguem esse modelo. Já a agenda negativa seria aquela em que se concede estímulo ao crédito por meio de subsídios que compensam ou evitam os riscos que existem. Na avaliação de Lisboa, isso pode gerar problemas futuros.
Um exemplo dessa agenda negativa, citou, é a medida anunciada em agosto pelo Banco Central que permite aos bancos utilizar até 60% do recolhimento do compulsório relativo a depósitos a prazos, entre outras coisas, para concessão de financiamentos de veículos. Para ele, essa medida vai “na contramão da eficiência do sistema”. “Com uma medida como essa, você está direcionando o crédito, não respeitando as condições de mercado”, criticou.
“Você procura forçar, constranger as instituições a irem num caminho que, caso as diversas possibilidades tivessem igualdade de condições, elas não seriam feitas”, acrescentou Lisboa, em entrevista à imprensa após participar da palestra de abertura do segundo dia do 4º Congresso Internacional de Gestão de Riscos promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).