A Casa de Cultura ficou lotada na manhã desta quinta-feira, 31, com fila para fora do auditório, para o debate com a participação do escritor Ferréz. Assim que ele subiu ao palco e ouviu da organização que não dava para deixar todos entrarem, um desejo dele, por questões de segurança, pediu um minuto e foi cumprimentar as pessoas que ainda aguardavam lá fora a chance de entrar.
“Em 1997, quando comecei, achar duas pessoas para ouvir era difícil. Ainda mais para ouvir literatura na periferia”, disse o autor de Capão Pecado, trazendo cerca de 10 pessoas para se sentarem no chão, apesar da primeira negativa. Depois disso, pediu para a plateia fazer um minuto de silêncio pelos três civis israelenses e 1.300 palestinos mortos nas últimas semanas. E então começou a contar sua história de vida – a infância na periferia, o pai leitor de cordel, o primeiro contato com uma história em quadrinhos, os trabalhos que teve antes de lançar seu primeiro livro, a dificuldade de vender os primeiros exemplares, etc.
“Existe um plano marcado para a gente. Sair dessa rota é muito difícil. Os livros foram, para mim, essa mudança de rota”, comentou. Ele também pediu para que o público prestigiasse os autores da comunidade e que não fossem somente ver ou comprar livros dos escritores que vinham de fora.
Ferréz falou ainda sobre o poder da literatura, dos jornais, dos fanzines e por aí vai na formação do cidadão. “Ler vai trabalhar a sua cabeça. Mas não vamos pegar os globais que escrevem livros, essas atrizes que querem ser escritoras. Vale até um mediano como Paulo Coelho. Uma frase pode te acordar. Um texto pode abrir sua cabeça”, disse à plateia, composta por pessoas de todas as idades – havia um grupo de adolescentes de escolas da região.