Estadão

Livre há quatro meses, Queiroz pratica tiro ao alvo em clube no Rio

Livre desde março deste ano, quando teve a prisão domiciliar revogada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), o policial militar da reserva Fabrício Queiroz postou nesta quinta-feira, 22, três vídeos em que pratica tiro num clube da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Denunciado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no processo das "rachadinhas" com o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), Queiroz conseguiu o porte de arma em maio, após fazer exame de saúde.

Com legenda igual – "Vap! Vap!!" -, os três vídeos mostram o amigo de longa data do presidente Jair Bolsonaro disparando modelos diferentes de armas de fogo. Em um deles, a pessoa que filma pede para ele fazer "cara de mau". Sorridente, de boné e óculos, o PM da reserva exibe uma arma automática.

Queiroz foi apontado pelo Ministério Público do Rio como o operador do esquema de desvios no gabinete de Flávio quando ele era deputado estadual. Funcionários "fantasmas", que não tinham registros de que trabalhavam efetivamente para o parlamentar, repassavam ao assessor seus salários. Ele, por sua vez, ajudaria o filho do presidente a administrar o montante e a "lavar" o dinheiro. Queiroz e o parlamentar negam terem cometido irregularidades.

Colega de Bolsonaro nos tempos de Exército, Queiroz entrou para a Polícia Militar do Rio. Lá, ficou amigo de Adriano Magalhães da Nóbrega, que depois se integraria ao Escritório do Crime, quadrilha de assassinos de aluguel que tem sido investigada pelo Ministério Público do Rio nos últimos anos. O ex-capitão Adriano foi morto pela polícia em fevereiro do ano passado, quando estava escondido no interior da Bahia. Sua ex-mulher e sua mãe estavam entre os nomeados no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa, onde ocorria a "rachadinha", segundo o MP.

Queiroz e Adriano têm em seu histórico policial um homicídio cuja investigação ficou parada por anos e foi reaberta em 2020. Quando eram sargento e tenente, respectivamente, eles registraram como "auto de resistência" a morte do estudante Anderson Rosa de Souza, de 29 anos, em 2003. No ano passado, com Queiroz de volta aos holofotes, o MP pediu à polícia uma perícia nos fuzis usados na ocasião.

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