Estadão

Livro Bege capta perspectiva positiva para curto prazo nos EUA e incerteza maior

Apesar das perspectivas para a atividade econômica seguirem positivas no curto prazo, de modo geral, alguns distritos dos Estados Unidos observaram incerteza crescente e um otimismo mais cauteloso do que nos meses anteriores, de acordo com o Livro Bege, divulgado nesta quarta-feira, 20, pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

De acordo com o documento, um sumário de opiniões que embasa as decisões de política monetária do banco central dos EUA, empresários observaram ritmo de crescimento econômico de modesto a moderado, com diversos distritos notando desaceleração em relação ao período anterior. Gargalos na cadeia de suprimentos, escassez de mão de obra e incerteza causada da cepa Delta do coronavírus seguraram o crescimento.

Na maioria dos distritos, entretanto, foram notadas melhoras no consumo. "Porém, as vendas de automóveis foram amplamente relatadas como em declínio devido aos baixos níveis de estoque e preços crescentes", diz o Livro Bege.

Atividades de turismo e viagem variaram conforme o distrito. A indústria, por sua vez, cresceu de modo moderado a robusto na maior parte do país. Já a demanda por empréstimos ficou estável ou melhorou moderadamente. A atividade imobiliária ficou estável ou caiu, mas o mercado seguiu saudável, de modo geral, aponta o documento. As condições ligadas à agricultura foram mistas e o mercado de energia mudou pouco, afirma o Livro Bege.

<b>Preços</b>

O Livro Bege destaca também que a maioria dos distritos dos Estados Unidos "reportou preços significativamente elevados". Segundo o documento, esse movimento é impulsionado pela crescente demanda por bens e matérias-primas.

"Há relatos disseminados de altas em custos de produção pelos setores da indústria, motivadas pela escassez de produtos resultando de gargalos na cadeia de oferta", destaca o Livro Bege.

O documento cita pressões sobre os preços com restrições ao transporte e menor estoque de trabalhadores, bem como por problemas na oferta de algumas commodities.

"Os preços do aço, de componentes de eletrônicos e os custos de frete avançaram notadamente neste período", diz o Livro Bege. Muitas empresas elevam preços de venda, indicando maior capacidade para repassar aumentos nos custos a consumidores, "em meio à demanda forte".

Já as expectativas para o crescimento futuro dos preços variava, com alguns esperando que os preços sigma elevados, ou mesmo avancem mais, "enquanto outros esperam que os preços moderem ao longo dos próximos 12 meses", aponta o documento.

<b>Emprego</b>

Muitas companhias dos setores varejista, industrial e de hospitalidade têm cortado horas de trabalho ou sua produção por conta da baixa oferta de trabalhadores nos Estados Unidos, segundo relatou o Livro Bege do Federal Reserve. O documento resume a atividade econômica recente dos 12 distritos do BC americano.

Segundo o Livro Bege, firmas de transporte e tecnologia também estiveram entre as mais afetadas pela escassez na oferta de emprego. No período avaliado, o emprego cresceu de forma modesta a moderada, segurado pela falta de trabalhadores, apesar da alta demanda das empresas, diz a publicação.

Os distritos relataram as "ausências por conta da covid-19, problemas com cuidado infantil e obrigatoriedade de vacinação" contra a doença como fatores que reduzem a oferta de trabalhadores, relatou o Livro Bege. Para tentar contornar isso, de acordo com o documento, empresas reportaram aumento de salários iniciais para atrair mais oferta, além de alta nas compensações a pessoas já empregadas, de forma a mantê-las.

"Muitas empresas também ofereceram bônus de assinatura e retenção, horários de trabalho flexíveis ou aumento do tempo de férias para incentivar os trabalhadores a permanecer em seus cargos", completa o Livro Bege, que ainda informou alto volume de mudanças de empregos entre funcionários e uma maior oferta de treinamento e uso de automação por parte das companhias.

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