Nenhuma outra coleção de livros expôs melhor o gosto cultural dos ricos e a excelência dos artistas no pós-guerra no País. Com a Europa ainda sob bombardeio, o industrial e mecenas Raymundo de Castro Maya fundou a Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil para publicar clássicos da literatura ilustrados por pintores e gravadores renomados. Em 2023, a coleção completa 80 anos e se mantém como o acervo de luxo mais cobiçado do mercado brasileiro.
Ao longo dos Anos Dourados, Castro Maya editou 23 obras recheadas de águas-fortes de nomes como Djanira, Poty, Caribé, Darel e Santa Rosa. Os lançamentos ocorriam em jantares disputados no Jockey Club. A lista de magnatas e celebridades escolhidos para ter os nomes grafados em exemplares personalizados incluiu Walter Moreira Salles, Roberto Marinho, Niomar Moniz Sodré, Maria do Carmo Nabuco, Gilberto Chateaubriand, Carlos Lacerda, Henrique e José Mindlin, Carlos Guinle, José Olympio e Francisco Matarazzo Sobrinho.
Sete dos títulos dessa coleção vão à leilão neste sábado, 19, no Rio. A joia da coroa é a edição de Campo Geral, de 1964, de Guimarães Rosa. O exemplar em leilão pertenceu a Elizabeth de Castro Maya, mulher do editor. O livro, de 76 páginas, tem 34 desenhos de Djanira gravados em cobre por Darel Valença. Outros títulos em leilão incluem Memórias de um Sargento de Milícias, em dois volumes, lançado em 1953, As Aparições, de Jorge de Lima, e Quatro Contos de Machado de Assis, de 1962, ilustrado por Poty Lazzarotto.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>