Foi tudo muito rápido, inesperado. “Era terça-feira à noite e recebi um telefonema da Manu (Manuela Dias). Ela perguntou se meu passaporte estava em dia. Ótimo, passo aí (na sua casa) para combinarmos.” Mas combinar o quê? Foi o chamado convite irrecusável – um papel, um filme, uma viagem. “Embarcamos na sexta”, ainda avisou a roteirista e diretora. “Quando me dei conta, Manu estava na minha casa, vasculhando meu guarda-roupa em busca do figurino da personagem. E, na sexta, sim, eu estava no avião para a Colômbia.”
Agora, com o recuo, Nanda Costa tem distanciamento para avaliar. “Foi tudo no susto.” Ela conta essas coisas numa entrevista por telefone, do Rio. É domingo à tarde, Nanda entrou pela madrugada gravando a novela. Pega Pega está num momento ótimo, de virada de sua personagem. “A Sandra Helena entrou naquele golpe e agora está descobrindo que não precisa mais. Fica rica por causa de uma herança.” E agora, Sandra Helena? E agora, Camila? Camila é a personagem que Nanda assumiu no susto para o filme Love Film Festival, que estreou na quinta, 27. O longa não se assemelha a nada que você tenha visto recentemente, no cinema brasileiro ou mundial. Não é comédia blockbuster, não tem o pé no engajamento social nem político. Um filme de amor. Nanda/Camila fecha o triângulo amoroso com os personagens de Leandra Leal/Luzia e Manolo Cardona, um astro colombiano, que faz Adrian.
A roteirista, produtora e diretora Manuela Dias fala da gênese do projeto. Um filme de amor ambientado no mundo dos festivais de cinema. Nanda explica – “A Luzia é roteirista, conhece esse ator e diretor colombiano. Vivem um romance se encontrando em festivais. Eu entro para desestabilizar um pouco a relação dos dois.” O que havia de tão interessante na ideia de Manu para que ela não pudesse dizer não? “Manu é uma querida e me veio com essa ideia fantástica. Vamos ter de viajar muito, me disse. Viajar, conhecer gente e tudo isso como parte do trabalho. Legal, não?”, avalia Nanda.
A ideia da novela – Pega Pega – não nasceu de um susto, mas de um desafio. “A Cláudia (Souto, autora) me vendeu a novela e a personagem dizendo que a Sandra Helena teria uma risada contagiante. Sandra Helena participa de um golpe milionário no hotel em que trabalha. Eu não tenho essa risada. Tive de procurar, inventar. E a Sandra Helena ainda tem essa cabeleira loira platinada. Muita coisa nova numa personagem só, mas tem sido gratificante. Tem dado para aguentar o ritmo intenso. Ou você pensa que é fácil ficar nesse batidão até tarde, como foi nessa noite?” Nanda é grata ao universo dos festivais porque estourou num, quando seu papel em Sonhos Roubados, de Sandra Werneck, lhe valeu o Redentor de melhor atriz no Festival do Rio. Um bom começo para a garota de Paraty, que sonhava ser atriz.
“Leandra (Leal), com quem contraceno agora, era uma inspiração, porque ela começou cedo. Eu pensava – quero ser como ela.” O avô lhe dava o maior apoio. “Quando viu 2 Filhos de Francisco, ele disse que eu ia fazer um grande filme como aquele.” Nanda fez um papel importante em Gonzaga – De Pai pra Filho. No ano passado, no aniversário do avô – que morreu -, estava fazendo novo filme com Breno Silveira, e dessa vez com Ângelo Antonio, o próprio Seu Francisco. Entre Irmãs, ex-A Costureira e o Cangaceiro. Duas irmãs no sertão, Nanda e Marjorie Estiano, e a primeira, qual Maria Bonita, arrasta a outra para o cangaço. Entre Irmãs, além de filme, vai virar minissérie para estrear no começo de 2018. É muita coisa ocorrendo na vida, e na carreira de Nanda Costa. “Só chorei muito pelo meu avô, no set, porque ele não vai ver nada disso. Mas tenho certeza de que ficaria feliz, como eu.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.