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Longe das telas e em passeios por SP, crianças aprendem brincando sobre a vida

O alerta vem de todos os lados: uma criança não pode ter acesso livre e ilimitado a um celular. Pais e cuidadores sabem disso, se preocupam, mas também estão conectados o tempo todo. "Oferecer o celular a uma criança é um problema para os pais, que eles mesmos criam", comenta a psicóloga Rosely Sayão, colunista do Estadão.

O escritor Ilan Brenman, preocupado há anos com o impacto das telas na vida de crianças e adolescentes, lança um convite já no título de seu novo livro: Desligue e Abra. Foi durante uma caminhada, que é quando costuma ter muitas ideias, que ele se imaginou como um livro. "Se eu sou um livro, o que eu diria para o meu leitor? Ah, tira o celular da sua frente, me leia, vem me conhecer. Sou muito mais legal", conta.

Com texto de Brenman, autor do best-seller Até as Princesas Soltam Pum, e ilustrações de Veridiana Scarpelli, o livro propõe, num diálogo direto com o leitor, brincadeiras e experiências mentais numa leitura compartilhada que pode ser rica para adultos e crianças.

"Não devemos demonizar o celular", ele diz, "mas estamos perdendo a mão completamente." Sua ideia é fazer pais e filhos perceberem que "o mundo real e concreto proporciona muitas coisas boas e faz com que a gente se vincule com o outro".

Para ele, é urgente tirar a criança desse isolamento e dessa ilusão de que ela está conectada com outras pessoas. "Ela não está. As redes sociais são um grande espelho, expressam a relação narcísica que a criança tem, causando coisas terríveis na sua cabeça. O uso tem sido excessivo, sem curadoria, sem controle nenhum, e nunca vimos crianças tão solitárias e isoladas e com tantas doenças psíquicas", comenta. "Precisamos recuperar a mente sequestrada da criança, e a nossa também, e ir para o mundo real. Esse é o caminho."

VIVER. De acordo com Rosely Sayão, ficar no celular, além de causar prejuízos para o esquema corporal prejudicando até a aprendizagem, impede a criança de conhecer a vida. "E ela precisa aprender a vida como ela é. É isso que vai permitir que ela cresça e, na vida adulta, tenha mais conhecimento, tenha adquirido mais resiliência e aprendido a identificar mais riscos."

Aliás, ela explica, a relação das crianças com a natureza mostra os limites da vida sem que os pais tenham de ficar apontando. "Pediatras estão dizendo que crianças de 8, 9, 10 anos estão sofrendo acidentes bem sérios, que exigem até cirurgia, porque não avaliam a situação de risco – por exemplo, ao se jogar de um lugar para outro." Ela completa: "É fundamental que as crianças tenham contato com a natureza. Isso estimula a criatividade, oferece pequenos e grandes aprendizados cotidianos a respeito da vida e colabora muito para o equilíbrio emocional".

Estar na natureza, brincar livre, visitar um museu. Há inúmeras opções em São Paulo para pais que querem tirar os filhos da frente das telas. Convidamos escritores que conhecem bem o universo infantil e são queridos da criançada para darem suas dicas de passeios.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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