Longe do Mundial, disputado no Japão até domingo, a americana Simone Biles afirmou nesta quinta-feira que ainda tem medo de fazer alguns dos movimentos que a coroaram na ginástica artística. A atleta multicampeã revelou que ainda sofre com os "twisties", a desorientação que sente enquanto está no ar durante certos movimentos.
"Os twisties vão voltar assim que eu competir novamente. Ainda estou com medo da ginástica", declarou a atleta em entrevista ao canal NBC. Biles culpou essa desorientação pelas dificuldades que enfrentou durante a Olimpíada de Tóquio. Ela até publicou alguns vídeos de exercícios, já na capital japonesa, em que cometia erros básicos na execução dos movimentos por perder a noção de espaço enquanto está no ar.
A americana surpreendeu o mundo ao desistir de seguidas provas nos Jogos Olímpicos por essas dificuldades, que vinham afetando sua saúde mental. A atleta havia entrado na competição como grande aposta de medalhas, recebendo todos os holofotes, em razão também da ausência de grandes figuras esportivas em Tóquio, como Usain Bolt e Michael Phelps.
"Fazer algo que sempre fiz a minha vida inteira e não conseguir fazer mais, por tudo o que eu passei, é algo muito maluco porque eu amo muito este esporte", disse Biles, entre lágrimas. "É difícil, peço desculpas. Não acho que as pessoas vão entender a magnitude do que enfrentei, mas por muitos anos precisei enfrentar muitas coisas sem ninguém para ajudar. E tenho orgulho de mim."
Biles enfrentou uma infância pobre, com dificuldades na família. E, na adolescência, foi uma das vítimas de Larry Nassar, médico da federação americana de ginástica, condenado por centenas de casos de abuso sexual.
Em Tóquio, apesar de todas essa limitações, Biles subiu ao pódio dias vezes. Foi medalhista de prata por equipes e bronze, na trave. Ainda sem retomar os treinos, ela decidiu não disputar o Mundial de Kitakyushu, que está sendo realizado até domingo. E nesta quinta viu a russa Angelina Melnikova se sagrar campeã mundial do individual geral, prova que costumava dominar nos últimos anos.