Estadão

Luciano Bivar: Na terceira via, estão todos na margem de erro

Após deixar a mesa da chamada terceira via para buscar voo solo, o pré-candidato do União Brasil à Presidência, Luciano Bivar, de 77 anos, disse ao <b>Estadão</b> que tem dúvidas se a candidatura de Simone Tebet (MS) será homologada pelo MDB. Bivar afirmou ainda que depois do rompimento com o PSDB em nível nacional está disposto a negociar até com Fernando Haddad (PT) em São Paulo, e se mostrou disposto a fazer uma intervenção no diretório paulista do União Brasil caso a sigla insista em manter a aliança com o governador tucano Rodrigo Garcia.

<b>Sua candidatura é somente para marcar posição ou é para valer?</b>

Como é que a gente, que tem 56 deputados federais, 8 senadores, 13 candidatos a governador e a nossa logística toda de tempo de TV, vai entrar numa eleição para marcar posição? Temos 5 ex-ministros contribuindo para o nosso plano de governo. Qualquer analista primário vai entender que a candidatura é real e com condições de ganhar. Quando chegar o horário eleitoral, vamos ter o mesmo tempo de TV ou mais que os dois principais candidatos que estão aí.

<b>O horário eleitoral pode quebrar a polarização?</b>

A TV aberta será o grande canal para levar o nosso nome ao público. Estamos apostando tudo no conteúdo e nessa mídia. E o fundo eleitoral (do União Brasil) é o mais generoso. Somos o maior partido do País.

<b>Será chapa pura? Procura uma mulher para ser vice?</b>

Algumas mulheres colocaram seus nomes e eles estão sendo apreciados pela (executiva) nacional. A senadora Soraya Thronicke, a deputada Daiane Pimentel e a Rosângela Moro.

<b>Em 2018, o PSL, que tinha dois deputados, deu um enorme salto após acolher Bolsonaro. O sr. tem gratidão ao presidente?</b>

Quem procurou o PSL foi Bolsonaro. Tanto é que na primeira reunião que tive com ele eu disse que ele teria mais chance de ser eleito em outro partido, mas depois o Fernando Francischini me telefonou e disse que ele queria o PSL, que tem capilaridade em todo País. Bolsonaro é que tem que ter gratidão ao União Brasil.

<b>Qual capilaridade? O PSL tinha só dois deputados em 2018</b>

Tínhamos 27 diretórios, 1.800 vereadores, 120 deputados estaduais e mais de 80 prefeitos. Bolsonaro veio comungando com nossas ideias.

<b>Líderes do União Brasil em São Paulo dizem que o partido vai apoiar Rodrigo Garcia, mas o sr. rompeu com o PSDB. Como será resolvido esse impasse?</b>

Nós temos um candidato à Presidência no União Brasil. Como podemos estar (em SP) com um partido que tem outro candidato a presidente? É inexequível essa aliança.

<b>Então o diretório nacional do União pode fazer uma intervenção em São Paulo?</b>

Essa é uma questão muito localizada. Nosso problema é nacional. Quem decide essas coisas todas é a (executiva) nacional, sobre todos os Estados da federação. Todos os diretórios estaduais são provisórios.

<b>Há veto do União ao PSDB em todos os Estados? </b>

Nós temos um candidato nacional. Então todos (diretórios) têm que se adequar a isso. Quem apoiar outra candidatura (presidencial) torna inexequível estarmos juntos.

<b>Se Rodrigo Garcia abrir o palanque para o sr. e Simone, o União pode apoiá-lo?</b>

O Rodrigo precisa dizer que (o PSDB) não tem candidato à presidência da República. Não se trata de abrir (palanque) para mim.

<b>O sr. conversou com Fernando Haddad em SP? Ele está no radar do União?</b>

Tudo é recente. A gente estava com o PSDB, mas o PSDB saiu de nós. Então agora estamos abertos a conversar com outros candidatos.

<b>Isso inclui o Haddad? </b>

Com todos os candidatos.

<b>O eleitor do União, um partido liberal, entenderia uma aliança com o PT em São Paulo?</b>

O MDB não está conversando com o PT em vários Estados? E não está apoiando ostensivamente, como em Alagoas? Sendo assim, como o PSDB está com o MDB (nacionalmente)? É a mesma lógica. O União Brasil pode estar com algum candidato que esteja com o PT. O que mais importa pra nós é o espírito democrático. A democracia é o maior pilar. Sem democracia a gente não tem eleição. Queremos conversar com todos os partidos democráticos e que respeitam as instituições. Isso é o básico pra nós. O segundo pilar é o campo econômico.

<b>Por que não deu certo a aliança com a Simone, sendo que o União estava na mesa de negociação da terceira via com o PSDB, MDB e Cidadania?</b>

Essa versão não está correta. Quem trabalhou para criar uma candidatura única, que vocês chamam de terceira via, foi o União Brasil. Mais particularmente a minha pessoa. Eu procurei um e outro. Mas quando vimos que tanto o candidato do MDB quanto do PSDB não tinham o aval de suas direções nacionais, nós entendemos que seria difícil a gente continuar. Eu não vou esperar até agosto para o candidato deles não ser homologado. É como em uma maratona: faltando dez metros você tira a bola de ferro. Se em agosto ela (Simone) não for homologada a gente perde tudo isso.

<b>Acha que existe esse risco no caso da Simone? O MDB diz que ela tem apoio da maioria dos diretórios…</b>

Mas o histórico mostra que é diferente. Veja o caso de Antony Garotinho, que perdeu na convenção do MDB. Como vamos ficar dependendo disso? É um risco muito grande, principalmente nessa encruzilhada que está a República brasileira. Temos uma proposta econômica pronta, que é o imposto único.

<b>Simone alimenta a esperança de unir o centro em torno de uma candidatura. Essa chance existe?</b>

O União é muito grande para depender de algum partido. A gente tem luz própria. Como vou esperar até agosto para saber se ela vai ou não ser candidata? Fica muito delicado.

<b>Simone se apresenta como a candidata do centro democrático…</b>

Não sei por que se autointitular como representante do centro democrático. De 0 a 3 (nas pesquisas de intenção de voto) estão todos na margem de erro. Não tem por que se arvorar de ser o representante da terceira via.

<b>Se eleito, o sr. revogaria alguma medida do governo Bolsonaro?</b>

Tem muita coisa que precisa mudar nesse País. Bolsonaro não fez nada. Ficou dormindo esses três anos.

<b>Defende a privatização da Petrobras? </b>

A Petrobras é um bem do Estado, e como tal dever ser preservada. O liberalismo por si só não tem o poder de tomar conta dos bens do Estado. Mas ela tem que ter outros competidores. A Petrobras precisa criar um fundo social de amortecimento para acompanhar as variantes do mercado internacional. Não é por ser liberal que tem que privatizar tudo. As empresas que são rentáveis têm que permanecer.

<b>Como será sua agenda em relação a pauta de costumes se for eleito? </b>

O União Brasil é liberal na economia e nos costumes. Queremos que os liberais sejam democratas. Aborto por exemplo é uma decisão da mulher. Milhares de mulheres morrem em abortos clandestinos.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

Posso ajudar?