O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que conversou com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para tratar sobre a guerra entre Ucrânia e Rússia. De acordo com publicação no Twitter, o líder brasileiro reafirmou o compromisso do País de participar de iniciativas em torno da construção da paz.
"Reafirmei o desejo do Brasil de conversar com outros países e participar de qualquer iniciativa em torno da construção da paz e do diálogo. A guerra não pode interessar a ninguém", declarou o presidente, em mensagem na rede social.
A ligação foi por vídeo e ocorreu no começo da tarde desta quinta-feira, 2, conforme mostrou o <i>Broadcast Político</i>.
O chefe do Executivo tem defendido mediação política para impedir a escalada do conflito entre os dois países. Em 24 de fevereiro, Zelensky disse que esperava conversar com Lula "em breve". Zelensky comentou que acha importante o apoio do Brasil para o lado ucraniano, na expectativa de que Lula possa ser "uma ponte para poder conversar com mais países da América Latina".
Mais cedo, o chanceler russo, Sergei Lavrov, confirmou uma visita ao Brasil em abril após se reunir com o chanceler Mauro Vieira durante a cúpula do G-20 na Índia. A visita ocorrerá depois de a Rússia dar sinais positivos à proposta do Brasil de criar um grupo de países para pôr fim ao conflito.
De acordo com a chancelaria brasileira, os diplomatas repassaram os principais temas da agenda bilateral entre os países e da agenda multilateral compartilhada, incluindo a situação atual e as perspectivas da guerra na Ucrânia. Este foi o primeiro encontro entre os chanceleres desde a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência do Brasil.
Desde o início do governo Lula, o Itamaraty tenta se equilibrar na posição de neutralidade no conflito e lançar-se diplomaticamente como intermediador de um plano de paz. A nova linha de política externa tem desagradado americanos, europeus e ucranianos.
Desde a posse, Lula tem defendido o fim da guerra, que completou um ano em fevereiro. No ano passado, em maio, antes da campanha eleitoral, o então pré-candidato chegou a dizer que tanto Vladimir Putin quanto Volodmir Zelenski eram responsáveis pelo conflito. Com sua chegada ao Planalto, no entanto, o petista alterou o discurso e passou a responsabilizar Putin pela invasão.
A perspectiva de um final do conflito, no entanto, segue longe da realidade. Após um rápido avanço russo no começo da guerra e um contra-ataque eficaz da Ucrânia nos últimos meses de 2022, a guerra na Ucrânia vive um estágio de estagnação, com tropas russas e ucranianas sem avanços claros nas últimas semanas.
Na visita ao presidente americano, Joe Biden, no começo do mês, Lula sugeriu a criação de um grupo de países para negociar o fim do conflito. A Casa Branca, no entanto, evitou comprometer-se com a proposta, apesar de ambos concordarem com a necessidade de uma paz duradoura na região.
Sugestões vagas de negociações de paz não são incomuns no conflito ucraniano. Em dezembro, Putin se disse disposto a negociar "soluções aceitáveis" para o fim do conflito, que incluiriam a manutenção das quatro províncias ocupadas por tropas russas.
Semanas antes foi a vez da Rússia rejeitar uma oferta ucraniana que incluía a retirada de tropas de seu território. No começo da guerra, Putin também rejeitou uma oferta de paz de Zelenski por julgar que obteria condições mais vantajosas no campo de batalha.