Após as derrotas da última semana em votações no Congresso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai retomar seu envolvimento direto na articulação política do governo. Segundo o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Lula estará aberto a receber líderes e vice-líderes de partido e também vai se reunir com ministros para tratar de temas em tramitação no Legislativo.
De acordo com o ministro, "nada" substitui a presença e o contato do chefe do Executivo com os parlamentares. "O presidente Lula já recebeu líderes e vice-líderes este ano. Está à disposição para receber líderes e vice-líderes outras vezes", afirmou Padilha, em coletiva de imprensa, ontem, no Palácio do Planalto.
As declarações foram feitas após reunião de Lula com Padilha e os secretários executivos da Fazenda, Dario Durigan, e da Casa Civil, Miriam Belchior, além dos líderes do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
"O presidente está sempre à disposição de manter um contato. E é muito importante que ele esteja com essa disposição sempre, de manter o contato com os líderes e parlamentares porque nada substitui a presença do presidente da República", comentou Padilha.
O ministro minimizou as derrotas que o governo sofreu no Congresso e afirmou que há ainda uma avaliação positiva do desempenho da gestão federal no Parlamento, já que não houve revés em relação aos projetos econômicos e sociais.
Na semana passada, entre os temas analisados, deputados federais e senadores derrubaram o veto de Lula à saída temporária de presos, a "saidinha", mantiveram o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro que impediu transformar em crime a disseminação de informação falsa em campanha eleitoral e permitiram o veto de Lula ao calendário de emendas.
<b> Equívoco </b>
A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), que votou contra o veto de Lula à lei das "saidinhas", afirmou que seu posicionamento foi uma tentativa de se esquivar dos ataques da extrema direita. Para a deputada, a escolha de Lula de contrariar o Congresso na pauta da segurança pública foi um equívoco.
Quando o vetou, Lula queria abrir brecha para permitir visita de presos à família. Mas com a derrubada do veto, esse benefício fica impedido. Foi mantido apenas o direito de condenados deixarem a prisão para fazer cursos profissionalizantes ou de ensinos médio e superior.
Segundo Maria do Rosário, que é pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, o Executivo precisa tratar o tema com mais atenção. "Se eu não criar condição para que a população me escute em outros temas, sempre estarei como alvo de ataques da extrema direita, então quis dialogar tirando o foco disso. Foi um equívoco o veto. Temos que debater de forma mais complexa temas como esse. Meu voto para derrubar o veto só serviria para ataques rasteiros", disse, em entrevista ao jornal O Globo. (COLABOROU GUILHERME NALDIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>