O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a formação de uma frente ampla de apoio à sua pré-candidatura à Presidência durante um jantar com senadores na noite desta segunda-feira, 12, na casa do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE), chamando lideranças do MDB, do PSD e até mesmo do PDT para discutem um projeto conjunto diante do avanço do presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa.
De acordo com participantes do encontro, o petista falou em juntar "cacos" de todos esses partidos para apresentar um projeto ao País. O ex-presidente acenou aos parlamentares falando que está disposto a rodar o País e pedir votos para os deputados e senadores que estiverem com o PT.
A declaração de que ele não quer ser um candidato do PT, mas de uma frente que vá além do partido e da esquerda, foi recorrente nas falas do petista, de acordo com interlocutores.
O jantar foi servido para 37 convidados na mansão de Eunício, no Lago Sul, na capital federal, e reuniu caciques do MDB que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e que agora agem para que o partido abandone a candidatura de Simone Tebet ao Planalto.
Estavam presentes senadores do PT, PSD, MDB e até do PDT de Ciro Gomes que já são próximos a Lula. Do local, eles saíram com a tarefa de agir contra a candidatura dos presenciáveis de suas legendas e abrir caminho para alianças com Lula, ainda que localizadas.
No MDB, a ala favorável a Lula quer derrubar a candidatura de Simone Tebet, se for oficializada, na convenção do partido, que deve ocorrer entre o fim de julho e o início de agosto. "Se não for uma candidatura viável, não tenho dúvida que nós teremos maioria para que isso aconteça", disse Eunício após o jantar. De acordo com ele, 14 diretórios estaduais do MDB estão próximos a Lula e podem apoiar a decisão.
A articulação foi colocada em campo para que o partido direcione forças e recursos para as campanhas de deputados e senadores. "Não dá para, a essa altura do campeonato, nós brincarmos de disputar eleição para presidente da República", afirmou Renan Calheiros (MDB-AL).
Antes do jantar, Lula esteve com o ex-presidente José Sarney. No mesmo dia, a senadora Simone Tebet se reuniu com o ex-presidente Michel Temer e com o presidente nacional da legenda, Baleia Rossi, em São Paulo para reafirmar sua pré-candidatura. Baleia conversou com Eunício por telefone e, de acordo com o ex-senador, mandou um abraço para Lula.
Aliados do petista também agem para atrair apoios no PDT, que lançou a pré-candidatura de Ciro Gomes. O senador Acir Gurgacz (PDT-RO) estava no encontro e avalia uma ação com deputados federais para pressionar o partido a só manter a candidatura de Ciro se o presidenciável bater 12 pontos porcentuais nas intenções de voto em maio.
O PSD é outro partido que Lula quer manter perto. Omar Aziz (PSD-AM) esteve na reunião e deve apoiar o petista. No partido de Gilberto Kassab, porém, há resistências a um apoio formal a Lula, mas o PT alimenta expectativa de novas conversas em um eventual segundo turno.
A aliança com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), escolhido como vice de Lula, foi citada pelo petista como exemplo de um gesto a favor da frente nas eleições e na composição de um governo, apesar das diferenças e dos embates do passado, de acordo com participantes do jantar, que teve risoto, carne de carneiro e peixe.
Além das alianças, outra estratégia discutida durante o convescote foi contrapor o presidente Jair Bolsonaro, que está avançando e reforçando a polarização com o petista, na avaliação do grupo. Os senadores discutiram uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para limitar a liberação de recursos do Orçamento a redutos políticos de parlamentares antes da eleição. O processo está sendo estudado pela Rede Sustentabilidade e deverá ser apresentado nos próximos dias. O teor do pedido judicial ainda não foi apresentado.