O candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta terça-feira, 30, que fica "muito à vontade" para discutir corrupção por ter sido o presidente que mais criou instrumentos para combater o crime. "As pessoas preferem discutir corrupção porque a discussão você pode mentir, a discussão você pode falar o que quiser. Eu fico muito à vontade com essa discussão porque eu tenho orgulho de ter sido o presidente da República que mais criou instrumento de combater a corrupção", disse o candidato petista durante entrevista à <i>Rádio Mais Brasil</i>, de Manaus (AM).
O discurso foi feito após aliados reclamarem que o ex-presidente deveria ter sido mais enfático ao ser confrontado sobre escândalos de corrupção na era petista durante o primeiro debate presidencial na TV, realizado no último domingo (28).
Como mostrou o <b>Estadão/Broadcast</b>, na abertura do debate, o presidente Jair Bolsonaro (PL) citou a delação do ex-ministro Antônio Palocci para trazer à tona a corrupção na Petrobras. Lula respondeu com conquistas de seu governo – mas de maneira "pouco emocionada", na avaliação de um correligionário – e só tentou "enquadrar" o candidato à reeleição ao final do debate, ao destacar o sigilo de 100 anos aplicado pelo presidente em documentos de Estado.
Para outro aliado, Lula estava nervoso e passou a imagem de quem se esquivou dos questionamentos sobre corrupção, um ponto nevrálgico para o eleitor de centro de classe média, segmento importante para consolidar o favoritismo do ex-presidente nas eleições. Já na sabatina ao <i>Jornal Nacional</i>, elogiada por membros da campanha, o petista admitiu casos de corrupção nos governos.
Na entrevista de hoje, ele voltou a criticar o atual governo. "Agora você tem um procurador que não processa o que tem que processar, o resultado da CPI está paralisado e ao mesmo tempo você tem um presidente que qualquer denúncia contra ele, ele decreta o sigilo de 100 anos", disse.
<b>Zona Franca</b>
Em outra crítica ao presidente Jair Bolsonaro, Lula disse que a Zona Franca de Manaus está sob ameaça com a possibilidade de perder incentivos fiscais que alavancam o desenvolvimento econômico da região.
"O que nós estamos assistindo é que o atual governo vive ameaçando a Zona Franca de Manaus, vive ameaçando tirar benefícios da Zona Franca de Manaus, quando ele deveria compreender o bem que a Zona Franca de Manaus faz para o Estado do Amazonas", afirmou o ex-presidente na entrevista.
Lula defendeu a entrada de novas empresas na região, sobretudo limpas e não poluentes, para fortalecer o parque industrial da região, gerar mais empregos e mais arrecadação para o Estado. "Eu defendo a Zona Franca de Manaus porque conheço o Estado do Amazonas e sei o benefício que a Zona Franca faz", disse.
Nesta terça-feira, o petista inicia agendas na região Norte e embarca para Manaus para assumir o compromisso de manter intactos os benefícios às indústrias locais. A estratégia visa reforçar um contraponto à política de Bolsonaro.