O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na manhã desta terça-feira, 11, que é preciso conversar "com quem você gosta e com quem você não gosta" para construir governabilidade no Congresso Nacional. Durante a live "Conversa com o Presidente", o chefe do Executivo disse ainda que não "negocia com o Centrão" e sim com partidos. "Sem maioria, você se mata".
"A gente não negocia com o Centrão. O Centrão não é um partido político. O Centrão se junta em razão de determinadas coisas. Habitualmente, você negocia com o partido. O PT, o PSB, o PCdoB, o PDT, o PSD, o União Brasil, Republicanos, PP", afirmou.
Após aprovar a reforma tributária com o apoio dos partidos do Centrão e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), Lula diz que é "preciso ter paciência" e que não faz política na base do "é dando que se recebe".
"É preciso ter paciência, conversar com quem você gosta, com quem você não gosta, ouvir coisas boas, coisas ruins. Não é a política "dando que se recebe" que todo mundo fala. Um partido que ganha as eleições precisa construir uma maioria para governar o Brasil", afirmou o presidente.
O governo Lula, no entanto, tem sido fiel ao toma lá, dá cá e acelerou a liberação de emendas para influenciar votações importantes no Congresso, como a reforma tributária na semana passada, como mostrou o <b>Estadão</b> domingo.
Desde o início do ano, o Planalto já liberou (empenhou) R$ 16,3 bilhões em recursos indicados por parlamentares. Desse total, R$ 4,4 bilhões já foram pagos. Além disso, o governo pagou R$ 6,6 bilhões de recursos empenhados em anos anteriores, totalizando R$ 11 bilhões já pagos.
Nos primeiros sete meses de governo, no entanto, o governo petista pagou emendas do orçamento secreto deixadas por Bolsonaro e ainda fez liberação recorde de recursos ainda menos transparentes: as emendas Pix. Tudo para atender o Centrão e evitar um caos na articulação política.
De acordo com o presidente, "o ideal seria que o partido elegesse todo mundo", o que "não é possível", segundo ele.
"Seria importante que a gente não precisasse negociar. O governo fez uma medida provisória e está lá, aprovada por unanimidade. Não é assim. O ideal seria que o partido elegesse todo mundo. Não é possível", disse.
Após a aprovação da reforma tributária, o Centrão agora exige mais espaço no governo. Para atender o PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), o governo negocia o Ministério do Desenvolvimento Social, hoje comandado pelo ex-governador Wellington Dias (PT-PI). Além disso, o bloco também mira a pasta dos Esportes.