O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou, nesta sexta-feira, 21, que o leilão de importação de arroz para recompor o estoque depois da tragédia do Rio Grande do Sul foi anulado, em 11 de junho, pela "falcatrua de uma empresa". Mesmo assim, ele disse que o País terá de comprar o produto de fora para não provocar um aumento muito grande no preço para a população.
"Por que vou importar? Porque o arroz tem de chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 um pacote de cinco quilos. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá para ser um preço exorbitante", disse Lula, em entrevista à Rádio Meio, no Piauí.
A decisão de anular o leilão para a compra de arroz importado ocorreu no início do mês. Na ocasião, o governo informou que o objetivo era buscar assegurar que as empresas "tenham a solidez que uma operação deste porte exige". O leilão envolvia a compra de 300 mil toneladas de arroz beneficiado.
Como mostrou o <b>Estadão</b>, das quatro companhias vencedoras, apenas uma – a Zafira Trading – é uma empresa do ramo. Também arremataram o leilão uma fabricante de sorvetes, uma mercearia de bairro especializada em queijo e uma locadora de veículos.
"A partir da revelação de quem são essas empresas, começaram os questionamentos se verdadeiramente essas empresas teriam capacidade técnica e financeira de honrar os compromissos de um volume expressivo de dinheiro público", afirmou o presidente da Conab, Edegar Pretto, na época.
O episódio provocou a saída do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller. Ele deixou o cargo após as denúncias de ligação dele e do filho com envolvidos no leilão de arroz da Conab.
Na quarta-feira, 19, o governo se encontrou com representantes do setor e manteve a posição de realizar a importação do cereal em leilão público. Mas sinalizou que vai aguardar uma nova reunião com os produtores para lançar o edital do novo certame e que pode considerar as sugestões do setor para construção das normativas do edital, relataram pessoas a par das discussões ao <i>Broadcast</i>, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
O próximo encontro entre governo e arrozeiros está previsto para depois do lançamento do Plano Safra 2024/25, provavelmente na quinta-feira, 27.
O presidente afirmou também que o governo vai financiar regiões produtivas de arroz de outros Estados brasileiros, além do Sul, para evitar a dependência de apenas uma área. Com a tragédia no Rio Grande do Sul, a produção do arroz foi comprometida. "Vamos, inclusive, financiar áreas de outros Estados, produtivas de arroz, para não ficar dependendo de apenas uma região."
Segundo Lula, o governo vai oferecer uma garantia de preço para que os produtores de arroz não tenham prejuízo. "Vamos financiar e oferecer direito do pessoal plantar arroz", afirmou.