Os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva vão dividir, no dia 1º de maio, um palanque virtual montado pelas centrais sindicais em comemoração ao Dia do Trabalho. Segundo pessoas próximas a Lula, os dois não ocupam o mesmo espaço há mais de 30 anos, desde que o PSDB apoiou o petista no segundo turno da eleição presidencial de 1989.
Com a impossibilidade de realizar um ato com a presença física das pessoas, devido à pandemia do coronavírus, as centrais optaram por celebrar o 1º de maio com uma transmissão ao vivo pela internet. O tom deve ser de críticas ao governo Jair Bolsonaro.
Outros desafetos de Bolsonaro, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) e os ex-presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) também foram convidados, mas até agora só os dois ex-presidentes confirmaram participação.
Artistas de peso como os cantores Chico Buarque – que confirmou uma fala -, Alceu Valença e Zélia Duncan também foram contatados pelos organizadores, mas ainda não responderam ao convite.
Sob o lema "Saúde, emprego, renda e democracia. Um novo mundo é possível com solidariedade", o ato de 1º de maio vai reunir 11 centrais sindicais além das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que congregam centenas de movimentos sociais e partidos políticos de oposição. Vários deles já decidiram empunhar a bandeira do "Fora Bolsonaro", mas, segundo os organizadores, pedir a saída do presidente não é o objetivo do ato.
"O tom vai ser de defesa da democracia e valorização da sociedade civil. Vai ter entidades (sic) e pessoas que vão pedir Fora Bolsonaro. Isso não vai ser cerceado, mas não é consenso entre as centrais", disse o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
De acordo com ele, o palanque virtual deve abrigar duras críticas a Bolsonaro tanto pela ausência de medidas eficazes de garantia de emprego e defesa da saúde das pessoas durante a crise do coronavírus quanto pela participação do presidente em ato que pedia o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e defendia medidas autoritárias como o AI-5, no último domingo.
"Na nossa opinião não temos um presidente real. Nossas propostas não passam pelo presidente mas pelo Congresso que está sendo atacado pelo presidente", disse Juruna.
Em texto divulgado na segunda-feira, 20, as centrais dão o tom do que devem ser os discursos do 1º de Maio. "Condenamos veementemente a postura do governo federal que se coloca na contramão do mundo e da ciência recusando-se a enfrentar com seriedade a pandemia e a crise sanitária que dela advém e que ainda insiste em atacar e retirar direitos da classe trabalhadora. Ademais, as sistemáticas declarações e movimentações de Jair Bolsonaro favoráveis ao A-I5 e ao estado de exceção, com ataques às instituições do Estado e à Constituição, deixam claras as suas intenções de destruir a democracia, atitude que também merece nosso contundente repúdio", diz o texto.
Assinam o documento os presidentes das 11 centrais sindicais, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), CONLUTAS, Intersindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Intersindical Instrumento de Luta e Organização e Pública – Central dos Servidores Públicos.