O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou entrevista nesta sexta-feira (28) para voltar a falar de Dilma Rousseff. No começo da semana, o ex-presidente, ao falar em não repetir governos anteriores, disse que a ex-presidente não tinha "jogo de cintura" nem a "paciência que a política exige". Hoje o petista estendeu a fala e, após declarar o profundo respeito e admiração pela aliada, declarou que lhe parecia "que ela não gostava muito de conversar". "E tem gente que é assim", disse.
Ao comentar que política não se aprende da Universidade, Lula declarou que, apesar da competência técnica da sua sucessora, ela parecia não estar aberta ao diálogo, e justificou afirmando que a experiência da Dilma "foi muito sofrida". "Uma mulher que sofreu muito, uma mulher já foi torturada, uma mulher que tinha muitos motivos pra ter ressentimento, essa mulher foi presa, virou presidente da República, governou sem nenhum espírito de vingança contra ninguém", continuou, em entrevista à rádio </i>Liberal FM</i> do Belém do Pará.
Como mostrou o <i>Estadão</i>, Dilma se tornou o centro de uma divergência de opiniões entre a liderança de seu partido. O vice-presidente nacional da sigla, Washington Quaquá, chegou a dizer que a ex-presidente não tem mais relevância eleitoral. A presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), rebateu a declaração do colega e elogiou a trajetória da de Dilma, classificando a fala de Quaquá como uma "opinião pessoal".
No mês passado, a ex-presidente não esteve no jantar organizado pelo grupo de advogados Prerrogativas, promovido para premiar Lula e realizar o primeiro encontro público entre o petista e o ex-governador Geraldo Alckmin (sem partido), que articula uma aliança para ser vice na chapa do ex-presidente. Alckmin foi a favor do impeachment de Dilma.
<b>Vice</b>
O petista também voltou a falar sobre a construção de uma chapa com Alckmin. Lula repetiu que não pode construir uma aliança com o ex-tucano por ele ainda não ter definido seu partido, mas adiantou que o perfil do seu vice será de "contraponto ao PT". "O vice não será um cara igual eu, ele terá que ser diferente. Ele terá que ser um contraponto ao próprio PT, ou seja, alguém que possa trazer outros setores da sociedade e alguém que possa ajudar na construção do funcionamento de um governo de coalizão", declarou Lula.