Com o Acordo Mercosul-União Europeia travado e ameaças de banimento de produtos cultivados em áreas de desmate, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, dia 21, na Itália que pretende recolocar o País no centro das discussões climáticas. Ele reiterou, em Roma, que seu governo está comprometido a zerar o desmatamento ilegal até 2030.
"A minha viagem foi, do meu ponto de vista, de recolocar o Brasil no centro das discussões climáticas no mundo. Vocês sabem que o Brasil é um país muito importante, tem uma matriz energética, possivelmente, a mais limpa do mundo. O Brasil tem o compromisso de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030", afirmou Lula.
A União Europeia adotou nos 27 países-membros uma lei antidesmatamento que promete banir do mercado interno produtos agrícolas, como carne de gado, café e óleo de palma, entre outros. O critério de exclusão dos itens é que tenham sido cultivados ou produzidos em alguma etapa da cadeia em área que tenha sido monitorada e desmatada, desde 2021.
A nova legislação gerou protestos do governo brasileiro. Lula disse que a lei quebra o equilíbrio do acordo comercial negociado há 20 anos. Ele cobrou que os europeus não devem agir com desconfiança com o Brasil, mas, sim, como parceiro.
A lei antidesmatamento emperrou ainda mais as negociações para conclusão do Acordo Comercial do Mercosul com a União Europeia. Lula deseja renegociar uma parte do acordo sobre compras governamentais – que daria à indústria europeia aval para disputar licitações públicas no Brasil.
Além disso, o governo reagiu de forma dura e acusou os europeus de proporem sanções aos países sul-americanos, o que também impactaria o agronegócio brasileiro, na carta paralela que foi apresentada em março, com condicionantes climáticas e ambientais para a assinatura do acordo.
Lula deu as declarações na sede da Prefeitura de Roma, ao lado do prefeito Roberto Guatileri, seu aliado político. O prefeito visitou Lula na cadeia, em Curitiba (PR), quando foi condenado por corrupção na Operação Lava Jato.
"Essa é uma visita de agradecimento, uma expressão de minha gratidão pela lealdade, solidariedade e comportamento do prefeito quando eu estava detido na Polícia Federal no meu país. Gualtieri foi homem que foi me visitar, conversou com muita gente para prestar solidariedade nos meus processos. Espero um dia poder retribuir todo o gesto que ele fez a mim e ao Brasil quando estávamos vivendo um momento difícil", disse Lula ao lado do político italiano.
Já o prefeito elogiou Lula, afirmou que ele sofreu uma "injustiça muito pesada" e que sua vitória nas eleições do ano passado retirou o Brasil de um período "obscuro".