Estadão

Lula: Itaipu precisa voltar a ser uma empresa extraordinária como sempre foi

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, comprometeu-se a fazer com que o dinheiro da usina hidrelétrica Itaipu Binacional seja gasto da "melhor forma possível", combinando tanto os interesses do Brasil quanto os do Paraguai. Ele afirmou que, por um equívoco do próprio governo, ainda não foi indicada toda a diretoria da empresa, mas que as indicações dos diretores e integrantes do conselho serão feitas logo.

A declaração ocorreu em evento de posse do novo diretor-geral brasileiro, Enio Verri, nesta quinta-feira, 16.

Segundo o presidente brasileiro, a realidade a ser levada em consideração de ambos os países passa por oferecer às cidades vizinhas ajuda a indígenas, quilombolas e pescadores. "Itaipu precisa voltar a ser uma empresa extraordinária como sempre foi. Precisa ter em conta que ela tem que contribuir com o desenvolvimento do País, tanto do Brasil quanto do Paraguai. Não é apenas vendendo energia, é com o pouco de dinheiro que a empresa recebe, compartilhar com a sociedade, para que a sociedade receba os benefícios que tem que receber."

Ao se dirigir ao presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, presente na cerimônia, Lula disse ter certeza de que os termos da renegociação do anexo C do Tratado de Itaipu, que estabelece as condições para comercialização da energia gerada, irão considerar o desenvolvimento de ambos países. "Nós iremos fazer um tratado que leve muito em conta a realidade dos dois países e o respeito que o Brasil tem que ter em relação ao seu aliado, nosso companheiro Paraguai."

O tratado firmado entre ambos os países vence em 2023. As negociações vão envolver os governos do Brasil e do Paraguai e, segundo a empresa, devem começar em agosto deste ano.

<b>Relação externa com o Paraguai</b>

Lula afirmou que é preciso aprimorar a política de relação externa do Brasil, ressaltando o acordo com o Paraguai para a construção da Itaipu Binacional. Segundo ele, o Brasil tem que ter responsabilidade de que outros países cresçam juntos, para que possamos viver em um continente de paz e tranquilidade e evitar conflitos entre os povos.

Como o maior país da América do Sul, o presidente pontuou que o Brasil deve ser "humilde" e combinar crescimento econômico com o de seus parceiros, em um aceno ao fortalecimento das relações com os países vizinhos.

Com isso, Lula reiterou o compromisso de fortalecer o Mercosul e a Unasul e se comprometeu a reconstruir a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Em sua avaliação, o País se encontra mais maduro e consciente.

"Acordo entre Paraguai e Brasil para construção e na administração é um acordo civilizatório, é como se fossem medidas as proporções da construção de uma União Europeia. Provamos que é possível fazer acordos binacionais; estabeleceu uma regulação que permite que os dois povos ganhem, que os dois países ganhem e que a gente possa efetivamente viver num mundo de tranquilidade", disse ele durante a posse do novo diretor-geral de Itaipu.

O presidente afirmou que o novo diretor-geral brasileiro, Enio Verri, assume a responsabilidade de que, em Itaipu, é representante do Brasil e, portanto, não deve colher os frutos apenas de olho na usina. "Precisa ajudar com que o governo tente resolver os problemas do povo brasileiro e Itaipu pode contribuir com um grão dessa área", disse, destacando a importância política da usina para Brasil e Paraguai.

Lula afirmou que hoje não seria possível construir o empreendimento como foi feito no começo de 1970, pontuando os avanços das questões climáticas na atualidade.

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