O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende dar enfoque à sua campanha no Rio de Janeiro, berço político do presidente Jair Bolsonaro (PL), e reverter para o segundo turno o desempenho que teve no Estado no dia 2 de outubro. O petista tem agenda no Complexo do Alemão esta semana, onde participará de ato chamado "Favelas com Lula". Ele também fará caminhadas em Belford Roxo e pela favela da Rocinha. "Eu vou tentar ganhar mais votos no Rio de Janeiro, porque a minha disposição é ganhar as eleições de Bolsonaro no Rio de Janeiro", disse ele nesta segunda-feira, 10, à <i>Rádio Tupi</i>.
O Estado é considerado estratégico para o bolsonarismo e recebeu pelo menos uma visita do chefe do Executivo a cada semana da campanha eleitoral de 2022. Ao contrário do que indicavam as pesquisas eleitorais, Lula terminou o primeiro turno atrás do presidente Bolsonaro no Rio de Janeiro. O petista teve 40,68% dos votos válidos, enquanto o presidente teve 51,09%. Reverter esse quadro é importante para o candidato do PT, dado que ele também perdeu em outros dois Estados do Sudeste, Espírito Santo e São Paulo, e venceu com margem apertada (563 mil votos) votos em Minas Gerais.
Durante a entrevista, Lula mencionou feitos de seus governos que teriam beneficiado o Rio de Janeiro e afirmou que o presidente Bolsonaro não destinou parcela suficiente do Orçamento para evitar desastres naturais como o de Petrópolis, na região serrana, que enfrentou alagamentos no início deste ano. "É preciso colocar na lembrança do Rio de Janeiro o que eu fiz pelo Estado, em comparação com o que Bolsonaro fez", afirmou.
<b>Apoios</b>
Questionado sobre o efeito prático dos apoios que recebeu para o segundo turno, Lula afirmou que as adesões significam "facilitar a possibilidade de vencer as eleições com uma diferença maior". O petista, que almejava sair vitorioso já no primeiro turno, ficou pouco mais de 5 pontos porcentuais acima de Bolsonaro no último dia 2 de outubro.
Na largada do segundo turno, o candidato do PT recebeu apoios importantes do ponto de vista simbólico, como do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), do senador José Serra (PSDB), de empresários, como Armínio Fraga, e de seu algoz no julgamento do mensalão, o ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. Também aderiram à sua campanha, embora de forma crítica, os ex-rivais da corrida presidencial Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB). Falando sobre esse assunto, Lula afirmou que quer "aumentar a quantidade de votos" que teve no primeiro turno.
<b>Nordeste</b>
O ex-presidente também comentou a polêmica envolvendo o Nordeste e o presidente Jair Bolsonaro. Na semana passada, o chefe do Executivo atribuiu a vantagem do petista naquela região à taxa de analfabetismo dos nordestinos, que é a maior do País, segundo o IBGE. Contudo, a região também se notabiliza por bons exemplos na educação.
Lula voltou a dizer que quem tem "uma gota de sangue nordestino" não deve votar em Bolsonaro. "Achei uma grosseria e irresponsabilidade sem precedentes. Sou nordestino com muito orgulho. Quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse cara. Ele não gosta de mulheres, não gosta de negros, não gosta de nordestinos, não gosta de ninguém", disse.
A campanha do presidente Bolsonaro tem feito acenos a essa parcela do eleitorado, tanto nas propagandas eleitorais quanto nas redes sociais.