O ex-presidente e candidato ao Palácio do Planalto nessas eleições Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a única possibilidade do Auxílio Brasil de R$ 600 continuar sendo distribuído em 2023 é a sua eleição à Presidência. "A única possibilidade de continuar é eu ganhando as eleições. No orçamento proposto por Bolsonaro não há continuidade do auxílio de R$ 600 em 2023. O auxílio de R$ 600 termina em 31 de dezembro. Nós vamos ter que mandar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para que continue pagando R$ 600 ao povo", disse Lula na manhã desta segunda-feira, 10, em entrevista à rádio <i>Super Rádio Tupi</i>, do Rio de Janeiro.
Lula voltou a defender a proposta de uma parcela adicional de R$ 150 por criança de até seis anos para família beneficiada no Auxílio Brasil. "É uma idade que precisa desse complemento. O auxílio vai continuar porque não vamos deixar povo pobre sem auxílio", afirmou.
O candidato do PT à Presidência voltou a criticar o orçamento proposto pelo governo federal para o próximo ano. "No orçamento proposto pelo governo não há investimento para melhorar vida do povo. No orçamento proposto, os recursos para enfrentamento de desastres naturais caíram 99%; para mobilidade urbana, 93%; para programa habitacional, 94%", disse.
Lula afirmou que tem comprometimento com a causa de recuperar o País. "O povo brasileiro precisa efetivamente de mudança no governo para voltar a crescer, para gerar emprego e renda, oportunidade de trabalho para as pessoas e para o povo voltar a ter três refeições por dia", defendeu.
<b>Castro</b>
O ex-presidente também disse que, caso eleito, vai conversar com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), sem citá-lo nominalmente. "Ele já apoiou Bolsonaro no primeiro turno. Vou conversar com governador do RJ independentemente do partido que ele for. Quando se é presidente não se olha o partido, se olha o Estado. Vou tratar ele com igualdade", afirmou.
Lula lembrou que fará entre terça e quarta-feira uma agenda de visitas na Baixada Fluminense e nas comunidades cariocas, como Alemão e Rocinha. O ex-presidente disse que fará a visita ao Estado porque quer aumentar sua quantidade de votos regional. "Estamos vivendo momento de definição da campanha. Vou ao Rio amanhã porque minha disposição é ganhar eleições do Bolsonaro no Rio. É preciso resgatar a lembrança do que o meu governo fez ao povo do Rio. Depois ainda quero voltar a Niterói", disse o ex-presidente.
Lula relembrou ações de seu gestão voltadas ao Estado. Citou a descoberta do pré-sal, a recuperação da indústria de óleo e gás e naval e os investimentos em obras públicas no Estado. "Vamos voltar a fazer o Rio crescer novamente, para gerar riqueza e distribuir renda ao povo. O Rio não pode ser o Estado que aparece mais nas páginas policiais do que nas páginas de desenvolvimento e economia", acrescentou.
Em meio aos questionamentos e ataques de eleitores bolsonaristas e do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL) aos resultados eleitorais, Lula afirmou que "quem ganhar a eleição governa". "A eleição termina no dia 30 de outubro. Quem ganhar, ganhou, toma posse e governa. Não haverá mais bolsonarista e lulista", disse Lula na entrevista à rádio carioca.
O ex-presidente afirmou que os apoios recebidos recentemente da senadora Simone Tebet (MDB) e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) devem ajudar a aumentar sua quantidade de votos no segundo turno em relação ao primeiro turno. "Os acordos facilitam eu ganhar eleição com diferença maior no segundo turno", disse Lula, agradecendo a adesão de Tebet e FHC.
Sobre os debates com o atual presidente, Lula afirmou que irá debater com Bolsonaro da forma que sempre debateu, citando embates com os tucanos José Serra, Geraldo Alckmin (hoje PSB e vice na chapa petista) e FHC. "Vou debater com Bolsonaro da forma que sempre fui a um debate apresentando propostas, questionamentos, fazendo comparação entre os dois governos para o povo avaliar quem tem melhor capacidade de governar o Brasil. Às vezes vejo o presidente nervoso e ofendendo as pessoas. Da minha parte não haverá baixo nível e nem jogo rasteiro", disse Lula.
<b>Nordeste</b>
Lula criticou as falas recentes de Bolsonaro que associou os votos do Nordeste na chapa petista ao analfabetismo. "Isso é uma grosseria e irresponsabilidade sem precedentes. Não é possível um presidente falar tanta asneira contra o povo nordestino. É impressionante a capacidade que ele tem de ofender as pessoas", criticou o ex-presidente. "Acho que quem tiver uma gota de sangue nordestino não pode votar nesse cara. Ele não gosta de negro, de mulher, nem de nordestino. Ele só gosta dos milicianos dele", continuou Lula.