O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que o Brasil "piorou muito", "em nível interno, internacional, empresarial, de renda e de emprego", desde que o PT deixou a Presidência da República, com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. "Minha briga agora é para tentar consertar o Brasil", completou Lula, que evitou cravar sua candidatura nas próximas eleições, nesta manhã em entrevista à rádio <i>O Povo CBN</i>.
"Eu nunca vi tanta fome como eu estou vendo agora em São Paulo, na periferia e no centro de São Paulo. No centro de Fortaleza, no interior do Ceará e no Interior de Pernambuco porque há um desrespeito total com o pobre neste país", disse Lula. "Me parece que as pessoas têm ódio quando o pobre sobe um degrau na ascensão social neste país. Eu fico muito irritado porque nós tínhamos acabado com a fome, a ONU reconheceu, e bastou derrubar a Dilma para melhorar o Brasil, segundo nossos adversários", completou.
Conforme mostrou o <i>Estadão/Broadcast</i>, cerca de três quintos dos domicílios brasileiros (59,4%) apresentaram algum grau de insegurança alimentar no último quadrimestre do ano passado, segundo estudo de pesquisadores da Universidade Livre de Berlim, na Alemanha, em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e com a Universidade de Brasília (UnB). O índice mais agudo foi visto no Nordeste, onde 73,1% registraram insegurança alimentar no período.
Lula disse que o presidente Jair Bolsonaro faz "tudo diferente daquilo que a ciência brasileira está pedindo". De acordo com o petista, os governadores do Nordeste brasileiro, em especial o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), fizeram um "trabalho extraordinário". "Os governadores do Nordeste são exemplos de quem Bolsonaro não devia ter raiva. Bolsonaro deveria chamar estes companheiros e falar: como é que vocês fizeram? Me ensinem como é que se faz, porque eu não sei conversar. Eu não sei conviver com quem é contrário", recomendou Lula.