Estadão

Lula promete trabalhar para dar dignidade a indígenas e acabar com garimpo ilegal

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu neste sábado, 21, que seu governo trabalhará para dar dignidade para os indígenas e, sem detalhar, que acabará com o garimpo ilegal. O presidente viajou neste sábado para Boa Vista, Roraima, por conta da situação sanitária das populações em território Yanomami.

O governo decretou na sexta-feira emergência em saúde pública de importância nacional. "Saio daqui com compromisso com nossos queridos irmãos, que nós vamos dar a eles a dignidade que eles merecem, na saúde, na educação, na alimentação e nos direitos de ir e vir para fazer as coisas que necessitam na cidade", disse Lula.

O presidente afirmou que levará muito a sério o fim do garimpo ilegal. "Mesmo que seja uma terra que tem autorização para fazer pesquisa, ele pode fazer sem destruir a água, a floresta e sem colocar em risco a vida das pessoas que dependem da água para sobreviver", disse.

Contudo, não detalhou quais medidas seu governo pretende adotar ou uma previsão. "O que posso dizer é que não vai existir mais garimpo ilegal, e sei da dificuldade de tirar o garimpo ilegal, sei que já se tentou outras vezes e eles voltam, mas nós vamos tirar."

Lula afirmou que o Brasil tem um novo governo, que agirá com seriedade no tratamento das pessoas. "Vamos tratar nossos indígenas como seres humanos, responsáveis por parte daquilo que somos. Nós vamos cuidar para serem tratados como se fossem seres humanos de primeira classe, não tratar como se fosse gente de quarta ou quinta classe."

<b>Críticas à gestão de Jair Bolsonaro</b>

Durante a declaração, Lula também fez referências e críticas à gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. "É desumano o que vi aqui. Sinceramente, o presidente que deixou a Presidência esses dias, se ao invés de fazer tanta motociata tivesse vergonha e visse aqui uma vez, quem sabe esse povo não estaria abandonado como está", afirmou.

<b>Visita necessária</b>

A viagem a Roraima acontece às vésperas da ida de Lula para a Argentina. O presidente afirmou que não gostaria de deixar o País sem fazer a visita.

Ele foi acompanhado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, e pela ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.

O presidente afirmou que pretende participar, em março, da assembleia na Raposa Serra do Sol.

"Se alguém me contasse que aqui em Roraima tinha pessoas tratadas de forma desumana, como eu vi o povo Yanomami ser tratado aqui, eu não acreditaria. Por acaso tive acesso a algumas fotos essa semana e elas, efetivamente, me abalaram. Um País que tem condições como o Brasil não pode deixar nossos indígenas abandonados como estão aqui", disse Lula.

O presidente citou que durante a visita viu "crianças magrinhas e desnutridas, que precisam de vitaminas".

<b>Medidas</b>

Lula afirmou que as primeiras medidas devem ser no setor de transportes na região devido à precariedade do serviço. O objetivo, segundo ele, é garantir transporte para pessoas que estão aguardando há seis meses e ficaram abandonadas.

Ele também citou ser necessário aumentar a pista de pouso para possibilitar a utilização de uma aeronave maior, que tenha capacidade de transportar um número maior de passageiros e de alimentos.

O presidente ainda afirmou que equipes de saúde serão enviadas para a localidade. "Acho que uma das formas da gente resolver isso é a gente montar um plantão da saúde nas aldeias, para que possa cuidar deles lá. Fica mais fácil transportar dez médicos do que transportar 200 índios. É apenas uma questão de mudança de comportamento. Prometo a vocês que vamos melhorar a vida deles", disse citando que a ministra da Saúde tem conhecimento dessa intenção.

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