Estadão

Lula: se ganharmos eleições, vamos ter que começar a conversar com o Congresso já

O candidato à Presidência pelo PT, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na manhã desta terça-feira, 25, que, se eleito no próximo domingo, terá que abrir diálogo com o Congresso imediatamente."Se nós ganharmos as eleições neste domingo, nós vamos ter que começar a conversar com o Congresso já. Nós vamos ter que encontrar um meio de discutir com o Congresso já para que a gente possa colocar o dinheiro necessário para cumprir aquilo que está previsto", afirmou Lula, durante entrevista à <i>Rádio Nova Brasil</i>.

O ex-presidente afirmou ainda que "vai demorar um tempo para arrumar a casa" e fazer mudanças no Orçamento, mas defendeu iniciar a discussão sobre reforma tributária, que hoje está parada no Legislativo.

"Vai demorar um tempo para a gente ir arrumando a casa, acertar com o Congresso, fazer as mudanças no Orçamento e para que a gente possa, inclusive, começar a discutir uma política tributária que seja mais justa, de quem ganha mais pague mais e quem ganha menos pague menos", disse Lula.

O ex-presidente voltou a defender uma política tributária que garanta isenção de impostos de pessoas que ganham até R$ 5 mil. Na segunda-feira, o candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), prometeu que Lula, se eleito, vai promover uma reforma tributária que incluirá a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em substituição a cinco tributos. "A reforma ajudará a economia a crescer. O Brasil será outro", publicou o ex-tucano nas redes sociais.

Questionado sobre como garantir maior investimento em educação diante de um orçamento engessado, Lula disse que será preciso fazer "remanejamento" nas contas públicas.

"Eu não conheço o orçamento todo, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) não foi aprovada totalmente ainda pelo Congresso Nacional. Quando a gente chegar, a gente vai pegar o orçamento feito pelo governo agora. E nós precisamos então ver que tipo de remanejamento a gente possa fazer para colocar mais dinheiro na educação", afirmou.

<b>Fundos de pensão e privatizações</b>

Na entrevista, Lula também afirmou que, em um eventual novo governo, não manterá empresas estatais deficitárias e falidas, mas criticou as privatizações. "Empresa estatal vai ficar aquelas empresas que produzem, aquelas empresas que são rentáveis, você não vai manter uma empresa estatal que não dá lucro, uma empresa falida, uma empresa que só dá despesa", disse. Sobre privatizações, ele esclareceu que "esse negócio de destruir o patrimônio público sem colocar nada no lugar não está na minha cabeça". "A Petrobras não será privatizada", emendou.

"Se criou a mentalidade de que tudo do Estado é ruim e se vende. Por exemplo, a gente tinha empresa de fertilizante, elas foram vendidas e agora Brasil está dependendo de fertilizante de um País que está em guerra", declarou o ex-presidente, em referência à Rússia.

Questionado sobre denúncias de corrupção nos fundos de pensão de estatais durante os governos do PT, Lula evitou comentar o caso. Ele afirmou que "o que aconteceu no nosso governo é que a gente teve a capacidade de tirar o tapete da sala para deixar as coisas descobertas", em referência aos instrumentos de transparência.

"O que precisaria ser elogiado no governo do PT é o Portal da Transparência, onde vocês jornalistas poderiam acompanhar em tempo real cada centavo que a gente gastava. (…) Tudo isso parou de funcionar", afirmou.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, cita frequentemente problemas relacionados a fundos de pensão de servidores de estatais, como Caixa Econômica Federal, Petrobras e Correios, para atacar Lula.

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