Uma fala de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante um evento da Central Única dos Trabalhadores (CUT) gerou forte repercussão entre deputados bolsonaristas – dois deles chegaram a insinuar que pegariam armas de fogo contra o petista e seus apoiadores. O ex-presidente defendeu "mapear o endereço" de parlamentares e se dirigir a esses locais para "incomodar a tranquilidade deles", pressionando-os com as demandas dos sindicalistas.
"Fazer ato público na frente do Congresso Nacional não move uma pestana de um deputado. Quando a gente está dentro do plenário, a gente não sabe se está chovendo lá fora, se está caindo canivete (…) Deputado tem casa. Eles moram em uma cidade, nessa cidade tem sindicalista (…) Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas até a casa dele, não é para xingar, mas para conversar com ele, conversar com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele. Eu acho que surte muito mais efeito", disse o petista.
A declaração desencadeou uma onda de publicações contrárias à sugestão de Lula nas redes sociais. O deputado Junio Amaral (PL-MG) publicou um vídeo empunhando um revólver e disse, ironicamente, que iria aguardar a "turma" do petista chegar em sua casa.
"Serão muito bem-vindos", disse ele, enquanto carregava uma arma de fogo com munição.
A deputada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que, em sua casa, vigora a "legítima defesa". Segundo ela, os militantes da esquerda "sempre foram muito violentos", citando episódios em que grupos invadiram a Bolsa de Valores e igrejas. "Meu lar é inviolável, minha família é sagrada. Então, digo uma coisa para vocês: na minha casa tem pistola", disse Carla Zambelli.
Ela completou, dirigindo-se à mãe, que aparece no fundo do vídeo: "Olha, mãe, se vier vagabundo aqui, a senhora está autorizada a pegar a pistola e meter chumbo". A deputada prometeu denunciar o ex-presidente no Ministério Público por suposta incitação ao crime.
O deputado federal Marcel van Hattem (Novo-RS) chamou de "criminosa" a declaração de Lula. Ele cobrou reação do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o episódio. "Também me questiono se, nesse caso, o ministro Alexandre de Moraes pedirá a prisão do ex-presidiário Lula por essa ameaça ao Parlamento", afirmou.
As assessorias de Lula e de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, não comentaram o caso. Segundo a equipe do ex-presidente, ainda não há definição se ele reagirá às declarações envolvendo armas de fogo.