O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que tem intenção de fechar o acordo comercial do Mercosul com a União Europeia (UE), mas que as exigências ambientais impedem. "Estou doido para fazer o acordo com a União Europeia, mas não é possível, a carta adicional não permite que se faça um acordo. Não é possível a gente ter uma parceria estratégica e fazer uma carta fazendo ameaça", disse Lula, ao discursar na cúpula do Novo Pacto Financeiro Global.
Na França, diante do presidente Emmanuel Macron e do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, Lula voltou a externar a posição que o governo brasileiro adotou em maio, de rejeitar a carta adicional por meio da qual os europeus apresentaram condicionantes à assinatura e posterior ratificação do acordo.
O presidente do Brasil também pretende discutir as resistências do agro francês com Macron, em almoço de trabalho no Palácio Eliseu. O líder francês sofre pressão interna e o parlamento da França aprovou moção de veto ao acordo.
Segundo o governo brasileiro, essa carta (side letter, no jargão diplomático) torna obrigatórias metas que o Brasil instituiu voluntariamente no Acordo de Paris – e ainda prevê punições em caso de descumprimento.
O texto está alinhado com a nova lei antidesmatamento adotada nos 27 países – determina o banimento de produtos que tenham sido produzidos em área desmatada de 2021 em diante. Lula já havia dito que essa lei tornava o acordo desequilibrado. Ele já havia reclamado da desconfiança diretamente à presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen.
O Brasil ainda articula com os sócios do Mercosul uma resposta conjunta, mas já rechaçou adotar a proposta da UE. Desde a apresentação dos termos europeus, o acordo emperrou e se acirraram as divergências de lado a lado.