O presidente Luiz Inácio Lula da Silva jantou nesta quinta-feira, 9, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) para discutir a consolidação da base de sustentação do governo no Congresso e as pautas prioritárias do Palácio do Planalto no semestre. O encontro ocorre três dias após Lira dizer a uma plateia de empresários da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) que o governo ainda não tem força o suficiente para aprovar grandes projetos, como a reforma tributária.
A declaração do presidente da Câmara impactou o governo, embora alguns ministros minimizem a relevância da fala e a resumam a um discurso para agradar ao mercado financeiro. Ao argumentar sobre fragilidade base governista, Lira ainda fez menção a estreita margem de votos que elegeu Lula na campanha eleitoral do ano passado e disse que o governo precisa entender que o Congresso tem atualmente "uma atribuição mais ampla" do que no passado.
"Nós teremos um tempo também para que o governo se estabilize internamente. Porque hoje o governo ainda não tem uma base consistente, nem na Câmara nem no Senado, para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional", disse Lira. O presidente da Câmara também criticou os ataques feitos por Lula à taxa de juros praticada pelo Banco Central (BC) e disse que declarações como essas não agregam.
O jantar entre Lula e Lira foi realizado na casa do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, e contou com a presença dos ministros Rui Costa, da Casa Civil, e Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais. A reunião não estava prevista na agenda de nenhuma das autoridades presentes, mas interlocutores dos ministros dizem que a conversa já estava marcada com dias de antecedência – antes mesmo do presidente da Câmara fazer as declarações sobre a construção de governabilidade pelo Planalto.
O governo está às voltas com a formação da base no Congresso. Para isso, o ministro Alexandre Padilha tem acertado nos bastidores a distribuição de cargos de segundo e terceiro escalão do governo em busca de garantir os votos necessários para aprovar Propostas de Emenda à Constituição (PEC), como a que vai definir a reforma tributária.