Estadão

Lula vence Bolsonaro e ganha palanque em Belford Roxo, na Baixada Fluminense

O presidente estadual do União Brasil no Rio, Wagner Carneiro, o Waguinho, prefeito de Belford Roxo, anunciou oficialmente na tarde desta segunda-feira, 10, que votará no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial. Cortejado pelas campanhas do petista e de Jair Bolsonaro, devido à influência que exerce na Baixada Fluminense – região com forte presença evangélica -, Waguinho teve reuniões com os dois candidatos à Presidência antes de decidir quem irá apoiar.

"Faço aqui a minha declaração de voto: no segundo turno da eleição presidencial, que irá ocorrer no dia 30 de outubro, votarei em Luiz Inácio Lula da Silva, por sua história de luta pela democracia e inclusão social, pois acredito ser este o caminho mais apropriado, neste momento, para o nosso País", disse.

A decisão de Waguinho foi anunciada depois que ele teve encontros com os dois candidatos à Presidência. Na semana passada, ele se reuniu com o senador Flávio Bolsonaro (PL), um dos coordenadores da campanha do pai, o governador reeleito Cláudio Castro, prefeitos e deputados aliados em um hotel em Copacabana, na zona sul da capital fluminense.

O encontro de Waguinho com representantes da campanha bolsonarista ocorreu um dia após ter se reunido com Lula. O encontro do prefeito de Belford Roxo com o presidenciável petista foi articulado pelo deputado estadual André Ceciliano (PT-RJ), derrotado na disputa ao Senado, e pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD).

Apesar da declaração de voto em Lula, Waguinho ressalta que continua como aliado de Castro.

"Como presidente de partido e prefeito, tenho a responsabilidade de ouvir as propostas dos dois lados, vislumbrando o melhor cenário para o Estado do Rio de Janeiro e, em especial, para a Baixada Fluminense. Deixo claro que sou aliado ao governador Cláudio Castro, que muito tem contribuído como gestor estadual, assim como respeito o presidente Jair Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro", disse em nota.

O apoio de Waguinho ao petista rachou o União Brasil no Estado. Ele e a mulher, a deputada federal eleita mais votada no Rio, Daniela do Waguinho, decidiram pelo apoio ao petista. Já o deputado estadual mais votado à Alerj, Márcio Canella, um aliado de Waguinho, decidiu pelo apoio a Bolsonaro.

Evangélico, Waguinho comanda a sexta maior cidade do Rio, desde 2017. Ao lado de André Ceciliano e da deputada eleita Benedita da Silva, Waguinho vai trabalhar para alavancar a candidatura de Lula na Baixada e entre os religiosos, segmentos disputados pelas campanhas presidenciais.

<b>União Brasil liberou filiados</b>

A direção nacional do União Brasil decidiu liberar os filiados na disputa presidencial deste ano. A maior parte da legenda, formada pela fusão entre PSL e DEM, está com Bolsonaro desde o primeiro turno. Para os petistas, o apoio do União Brasil no Rio deve significar o engajamento de políticos da Baixada Fluminense na campanha, além de melhorar a interlocução com os evangélicos no Estado

Bolsonaro aposta no apoio do governador Cláudio Castro para ampliar a antagem sobre o ex-presidente Lula no Estado. Com a derrota ainda na primeira etapa da eleição do candidato do PSB, Marcelo Freixo, Lula ficará sem palanque no Rio nesta reta final do pleito. Focará seus esforços em conversas com deputados e prefeitos que integram a base de Castro para tentar reverter a vantagem bolsonarista. O apoio de Waguinho lhe dá um palanque visível na Baixada, onde o presidenciável do PT fará comício na noite desta terça, 11.

Bolsonaro encerrou o primeiro turno com 984 mil votos à frente do petista, no Rio de Janeiro. O cenário é distante do que as pesquisas de intenção de votos previam na véspera. O atual presidente teve 51,09% dos votos válidos, contra 40,68% de Lula. Levantamento do Ipec divulgado no sábado mostrou Lula com 46% contra 42% de Bolsonaro.

Segundo o presidente do PT no Rio , João Maurício, a reeleição de Castro alterou a estratégia do presidente no Estado, mas já era um dos cenários previstos pela campanha.

"Freixo bateu quase 30%, mas os outros candidatos não chegaram a 12%. Isso dificultou o cenário de segundo turno e a estratégia inicial do presidente Lula. Estamos trabalhando desde a noite de domingo. Estamos dialogando com Neves, Paes, André Ceciliano e figuras de outros partidos. Vamos conversar com prefeitos e deputados também", disse.

Um dos focos da campanha de Bolsonaro no Rio será ampliar a vantagem entre o eleitorado evangélico. O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, vai organizar um novo encontro com o presidente na capital fluminense. Outra estratégia do religioso é usar influenciadores gospels para ampliar o alcance do presidente em todo o país.

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