Opinião

Lupi expõe pequenez do ser humano


Não vai demorar muito e Carlos Lupi figurará já na vasta galeria de ex-ministros da presidente Dilma Rousseff. Ela mesma disse que a única chance de ele permanecer no cargo até a reforma ministerial é fornecer explicações “convincentes” sobre o fato de ter ocupado, simultaneamente, dois cargos públicos por quase cinco anos. Ou seja, será impossível para ele, apesar de bradar que só sai do cargo a bala – e mesmo assim de grosso calibre – explicar o inexplicável. Inclusive todo esse apego que demonstra ter pelo poder e por cargos expõe em público uma das piores características do ser humano: a pequenez.


O acúmulo ilegal de cargos, um na Câmara dos Deputados em Brasília, onde era fantasma, segundo a própira Casa de Leis, e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, foi revelado pela Folha de S.Paulo na última quinta-feira. A revelação se tornou pública no mesmo dia em que a Comissão de Ética da Presidência da República recomendou, por decisão unânime, que Lupi deve ser exonerado. E olha que essa questão da duplicidade de cargos públicos nem entrou em pauta.


Seria natural que Dilma – que vem adiando há um mês, sabe-se lá por qual motivo – a demissão de Lupi agisse imediatamente. Não há mais o que fazer. Mas estranhamente, diante de tantas evidências, ela recebeu o ainda ministro no Palácio do Planalto e deu mais uma chance a ele. No governo, espera-se uma definição até o início da próxima semana. Dilma retorna de uma viagem à Venezuela neste domingo, quando deverá obrigatoriamente tratar do assunto.


Muita gente pode achar estranho demais a demora em Dilma fazer o óbvio. Mas há que se considerar que as atitudes de Lupi, além de execráveis, demonstram como o ser humano é vil e mesquinho. Esse tipo de comportamente, de gente que se agarra a cargos ou posições, custe o que custar, é muito comum no setor público mas bastante presente na iniciativa privada. Para esses, não importa se seu comportamento é inadequado. Sempre vão achar nos outros as culpas e responsabilidades por suas fragilidades.


Político carreirista, antes de se tornar ministro, não teve escrúpulo algum em ocupar – ao mesmo tempo – dois cargos públicos comissionados, daqueles que não necessitam de concursos. Basta indicações, que no caso de Lupi, se deram pela condição de “dono” de um grande partido político que, não por acaso, faz parte da base de apoio do governo federal desde os tempos de Lula.

Posso ajudar?