Com 100 anos recém-completados, a fabricante de roupas Lupo, focada em moda íntima, esportiva e meias, era mais uma das empresas na fila para realizar a sua oferta pública de ações na B3. Porém, com o mau momento do mercado, decidiu dar um passo atrás e esperar uma nova oportunidade para estrear na Bolsa de Valores. Mesmo assim, a presidente da Lupo, Liliana Aufiero, afirma que os planos continuam: a empresa quer dobrar de tamanho nos próximos três anos, com ou sem o dinheiro do IPO.
A companhia deve encerrar 2021 com faturamento de R$ 1,5 bilhão, segundo Liliana. Isso vai representar crescimento de 43% em comparação com os resultados registrados em 2019 – antes da pandemia. Assim, até 2024 a Lupo pretende ser uma empresa de R$ 3 bilhões em vendas e, para isso, vem fazendo investimentos para aumentar a sua capacidade de produção.
O principal deles ocorreu neste mês, quando a empresa anunciou que está comprando uma nova fábrica no Nordeste – mais especificamente, no Estado do Ceará. O espaço era de propriedade da Marisol, dona das marcas de roupas infantis Lilica Ripilica e Tigor T. Tigre. Por ora, Liliana compara o espaço a uma "vasilha vazia", já que a Lupo está em busca de todo o maquinário para equipar a fábrica, e poucas ferramentas da atual instalação serão utilizadas.
Para o ano que vem, Liliana espera que a fábrica já esteja funcionando a todo vapor. Por ora, são 80 funcionários sendo treinados para começarem a trabalhar logo no início do ano. A meta é alcançar os 1,2 mil empregados ainda em 2022. Entre os motivos da expansão para o
Nordeste, segundo Liliana, está a média salarial menor do que em outras regiões do País, o que trará uma maior competitividade para a empresa realizar a sua expansão.
Enquanto isso, a companhia também está querendo acelerar a expansão das suas lojas no ano que vem. O negócio é totalmente baseado em franquias: são 807 unidades espalhadas pelo País. Para o ano que vem, a ideia é chegar a 975, mas Liliana afirma que ficaria muito satisfeita se batesse a marca psicológica de mil lojas até dezembro.
O que deve ajudar nessa aceleração é a marca voltada para artigos esportivos, a Lupo Sport. A companhia estreou nesse segmento em 2010, mas agora quer aproveitar que as pessoas estão voltando aos exercícios com o arrefecimento da pandemia. Em 2022, a ideia é saltar de 17 para 57 lojas exclusivas. Desta maneira, a Lupo quer compensar o faturamento conseguido até agora com a venda de máscaras, que deve ter uma redução nos próximos meses, mas que encerrou o ano com vendas de cerca de R$ 200 milhões.
"São 300 máquinas que ficaram exclusivas para máscaras, mas que podem ser facilmente transformadas em equipamentos para os materiais esportivos", diz a executiva.
Mesmo com planos ambiciosos, a presidente da Lupo afirma que a companhia possui dinheiro suficiente para fazer a expansão, independentemente de o mercado abrir uma janela para a estreia da companhia na Bolsa. Segundo ela, a ideia de partir para o mercado de capitais não tinha apenas o foco de captação, mas também de consolidar a governança corporativa da empresa.
Para Eduardo Tomiya, presidente da TM20 Branding, o maior acerto da Lupo foi entender que não fazia apenas meias e cuecas. "A Lupo passou de uma marca de meias para uma marca de moda, que olhou a necessidade dos seus consumidores e ampliou o seu portfólio mantendo a tradição, mas com a pegada inovadora", diz ele.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>