Estadão

Lusa quer adotar SAF e aposta em segurança jurídica para atrair investidores

A Portuguesa estuda seguir o caminho de outros clubes, como Cruzeiro e Botafogo, e adotar o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para tentar equacionar dívidas e voltar a ser forte dentro de campo. O projeto é um desejo do presidente Antônio Carlos Castanheira, que há alguns anos já era interessado na ideia de clube-empresa, e quer a transformação para SAF concretizada em 2022, seu último ano de mandato.

"Na minha plataforma de governança, eu tinha um tripé e, no topo do triângulo, o mais importante era a separação do clube do futebol. Venho conduzindo isso desde 2015 quando era vice-presidente de marketing. Sempre quis essa divisão. Hoje, o clube não tem mais diretor amador. Mesmo antes da lei da SAF, a gente tinha um modelo de clube-empresa para organizar o futebol", conta Castanheira, que acredita conseguir a aprovação interna entre março e abril e também quer modernizar o estatuto do clube.

"Eu tenho um modelo de SAF na cabeça. Mas isso ainda precisa passar antes pelo Conselho Deliberativo e Conselho de Orientação e Fiscalização (COF)", diz.

A segurança jurídica, para Castanheira, é fundamental para atrair investidores. A Portuguesa já tem acordo que renegocia dívidas trabalhistas e tenta o mesmo também na área cível, que pode ocorrer ainda em janeiro.

"Já tivemos 70 ações negociadas com deságio de 85%, um ganho gigantesco de negociação de passivo. Muita coisa foi afetada por multas e juros. Teve uma ação trabalhista de 13 anos em que o jogador pediu R$ 4 milhões, já recebeu de bloqueio R$ 7 milhões e ainda temos que pagar mais R$ 5 milhões. São esses absurdos que estamos tentando atacar".

O advogado José Francisco Cimino Manssur, especialista em direito esportivo e um dos formuladores do projeto de lei da SAF, está ajudando a Portuguesa no estudo para a transição ao novo formato. "A SAF não é a solução mágica para todos os problemas, mas é uma alternativa para um mercado novo", analisa.

Na última sexta-feira, Castanheira disse ao <b>Estadão</b> que já conversa com possíveis investidores tanto para uma possível SAF, como também para a ideia de uma arena no terreno do Canindé. O estádio completou 50 anos no último domingo. O projeto não representa a venda do Canindé, mas uma incorporação. O presidente da Portuguesa acredita que uma arena multiuso representaria um salto nas receitas do clube, que tem cerca de R$ 480 milhões de dívidas.

"A ideia é fazer uma sociedade com o investidor para explorar a atividade econômica na arena e também ao redor dela, como acontece em outros clubes mundo afora, fechando um acordo por 20, 30 ou 40 anos, ainda estamos avaliando o período. É a melhor localização da cidade para uma arena nova multiuso", disse.

A Portuguesa estreia na Série A2 do Paulista no dia 27, às 15h, diante do Primavera, em Indaiatuba, em jogo que terá transmissão da HBO Max e pela Paulistão Play, plataforma de streaming da Federação Paulista de Futebol.

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