O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, avaliou nesta quinta-feira, 30, que o crédito manteve-se em expansão em junho, mas com comportamento semelhante aos de meses anteriores, ou seja, com ritmo menor do que a verificada em igual período de 2014. “Desta forma, a evolução do crédito continua mostrando moderação, lembrando que a nossa projeção para o ano é de uma expansão de 9%”, comentou.
Segundo ele, o crédito direcionado é o principal responsável por essa desaceleração do crédito. No primeiro semestre de 2014, a expansão foi de 8%, contra 4% no mesmo período deste ano. “Já o crédito livre manteve praticamente a mesma expansão do ano passado, passando de 1,1% no primeiro semestre de 2014 para 1,4% nos primeiros seis meses deste ano”, acrescentou.
Maciel negou que o crédito no País esteja estagnado e explicou que, sazonalmente, a expansão do financiamentos no primeiro semestre do ano é menor que do segundo semestre. Nos seis primeiros meses de 2015, a expansão do crédito total é de 2,8%. “Isso se deve ao ritmo natural da própria economia. O crédito não esta estagnado, pelo contrário. Está em crescimento moderado que deve ser de 9% no ano”, completou.
Renegociação
Embora economistas do mercado alertem que o aumento da renegociação de crédito possa sinalizar uma piora da inadimplência à frente, Maciel avaliou que o movimento é natural, devido ao ambiente econômico do País.
“Estamos em um período de aumento de taxas de juros que continuam se elevando já há algum tempo. Em um ambiente de menor ritmo de atividade é natural que haja reprogramação por parte das empresas de suas obrigações”, comentou.
Maciel lembrou que o setor de veículos ainda se ressente do fim da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). “Isso se reflete no volume dos empréstimos”, comentou. No primeiro semestre do ano, a queda nesse tipo de crédito é de 6,1% e, em 12 meses até junho, de 7,3%.
Inadimplência
Maciel disse ainda que, apesar do quadro de menor ritmo de atividade e renda, a inadimplência continua em níveis historicamente baixos, principalmente a de pessoa física, que em episódios anteriores era mais preocupante.
“Notamos que inclusive a parcela do bem a ser financiado hoje é menor do que era há um tempo atrás, e isso reflete maior cautela dos tomadores”, acrescentou. Segundo o Maciel, iniciativas de educação financeira têm contribuído para a manutenção da inadimplência em patamares baixos nos últimos anos.