O presidente da França, Emmanuel Macron, fez um raro discurso para as duas Casas do Parlamento em Versalhes, nesta segunda-feira. Macron defendeu reforma eleitoral para, segundo ele, abrir o Legislativo a um espectro mais amplo de visões políticas.
Em sua fala de 90 minutos, Macron disse que iria reduzir o número de parlamentares em um terço e introduzir algum voto proporcional para garantir que “todas as tendências políticas estejam justamente representadas” no Legislativo.
As mudanças propostas por Macron podem consolidar sua autoridade política, após a ascensão dele ao poder na eleição de maio com a promessa de reformular o sistema político e deixar de lado partidos tradicionais que governavam a França havia décadas. Nas eleições legislativas do mês passado, o presidente conseguiu uma maioria clara, ao apresentar muitos candidatos sem experiência política formal.
Embora o presidente francês não tenha dado detalhes sobre o tipo de sistema de votação proporcional que almeja, isso iria dar mais cadeiras para partidos como a Frente Nacional, de Marine Le Pen, que ficou com apenas oito das 577 vagas da Assembleia Nacional, mesmo após obter mais de 13% no primeiro turno da votação legislativa.
O atual sistema eleitoral da França favorece os partidos maiores ao dar a cadeira no Parlamento apenas ao candidato que conseguir mais votos no segundo turno da votação. Macron, de 39 anos, disse que as mudanças iriam simplificar o processo legislativo, reduzir o número de leis e facilitar a tarefa dos cidadãos para enviar petições para discussão no Parlamento. Caso necessário, Macron afirmou que poderia haver uma votação popular sobre suas propostas. “Eu quero que todas essas transformações que nossas instituições precisam desesperadamente estejam concluídas em um ano e que não recorramos a meias medidas e a mudanças cosméticas”, argumentou.
Discursos do presidente ao Parlamento são muito pouco comuns na França. O antecessor de Macron, François Hollande, falou às duas Casas do Parlamento apenas uma vez durante seus cinco anos de mandato, por exemplo.
Jean-Luc Mélenchon, que disputou contra o atual líder na corrida presidencial, disse que seu grupo parlamentar boicotou o convite para ouvir o discurso de um “monarca presidencial”. “Nós estamos nos rebelando. Não vamos nos submeter”, afirmou Mélenchon.
Alguns centristas da União dos Democratas e Independentes, um aliado não tão próximo do presidente no Parlamento, também não compareceram. Na avaliação deles, o discurso de Macron minava a força do primeiro-ministro, Edouard Philippe, o encarregado de apresentar a política do governo na Assembleia Nacional, nesta terça-feira.
Macron não detalhou os planos do governo nesta segunda-feira, dizendo que essa tarefa cabe a Philippe.
Em seu discurso, o presidentes disse que planeja acabar no outono local com o estado de emergência, que vigora desde os ataques de Paris. Fonte: Dow Jones Newswires.