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Máfia das apostas fez duas propostas ao presidente do Catanduvense

O presidente do Catanduvense, clube que participa da terceira divisão do Campeonato Paulista, Reginaldo Borges, foi procurado pelo menos duas vezes por emissários da máfia das apostas, com ofertas para que o time perdesse partidas em troca de dinheiro. Numa delas, chegou a receber uma mensagem em seu telefone celular propondo pagar R$ 50 mil por uma derrota para o Comercial de Ribeirão Preto.

A proposta chegou por meio do WhatsApp, aplicativo de telefones celulares para troca de mensagens, contou Borges ao estadao.com. A pessoa deixou recado dizendo ter uma proposta naquele valor e que era para ele retornar se tivesse interesse. Ao ligar de volta, o dirigente ouviu a proposta.

“Uma pessoa descobriu meu telefone, falou o nome, disse que era empresário e perguntou a situação do clube”, narrou. “Eu disse que era de muita dificuldade e que estava à procura de um empresário para fazer a gestão do clube. Aí, ele fez a proposta. Respondi que esse tipo de coisa eu não fazia.”

No recado inicial, Reginaldo Borges foi tratado por seu apelido (Alemão) pelo emissário. O assédio ocorreu em 5 de fevereiro e no dia seguinte o Cavanduvense jogou com o Comercial. Pela proposta, o time de Catanduva teria de perder por quatro ou mais gols de diferença. A partida terminou 2 a 2.

Borges lembrou um outro assédio, ocorrido no ano passado. Este foi feito pessoalmente, por ocasião de um jogo do Catanduvense com o Rio Preto (1 a 1). A abordagem foi bem semelhante à da investida mais recente: “Falei que o clube estava passando por dificuldade e ele (o representante da máfia das apostas) falou: tenho uma proposta para te fazer. Pensei que era proposta decente, mas ele disse: tem um dinheiro para (seu time) perder o jogo. Fiquei sem reação.”

O dirigente relata que sentiu as pernas tremerem, tamanha a surpresa. “Devia ter dado um murro na cara dele, mas não consegui. Disse que não fazia isso, mas ele ficou insistindo.”

O esquema de manipulação de resultados no futebol paulista está sendo investigado desde outubro por meio de inquérito existente no Juizado Especial do Torcedor. A suspeita de tentativa de aliciamento em várias partidas levou à ação, que corre em sigilo de Justiça por determinação do juiz Ulisses Pascolatti Júnior.

São investigadas partidas envolvendo Catanduvense, São José, América e Rio Preto, entre outros clubes. E na última quarta-feira o promotor do Ministério Público de São Paulo, José Reinaldo Carneiro, pediu à polícia civil que investigue a tentativa de aliciamento na partida entre Barueri e Rio Preto, realizada em 11 de fevereiro. Dois jogadores do clube da Grande São Paulo disseram que dirigentes receberam proposta para que o time perdesse por 4 a 0. Foi esse o resultado da partida, válida pelo quarta divisão estadual.

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