Maia e embaixador chinês discutirão impasse da importação de insumos para vacinas

Diante da dificuldade do Brasil em importar insumos para produzir vacinas contra a covid-19, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu uma audiência com o embaixador da China, Yang Wanming, para tratar sobre o assunto. Segundo Maia, o encontro deve ocorrer nesta quarta-feira, 20, pela manhã.

Iniciada domingo, a vacinação contra a covid-19 no País pode ser interrompida em pouco tempo por dificuldades na importação de imunizantes prontos e de matéria-prima para a produção. O programa começou com apenas seis milhões de doses da Coronavac, importadas da China.

O Instituto Butantã ainda aguarda a chegada do chamado Insumo Farmacêutico Ativo, o princípio ativo da vacina, que também vem da China, para poder fabricar mais doses. Para especialistas, há risco real de a vacinação contra a covid-19 ser interrompida em pouco tempo, por falta total de imunizantes.

A iniciativa de Maia ocorre após integrantes do governo brasileiro entrarem em conflito com os chineses em outras ocasiões. Em novembro do ano passado, por exemplo, o Ministério das Relações Exteriores saiu em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e classificou como "ofensiva" e "desrepeitosa" a reação da embaixada da China a declarações do filho "Zero Três" do presidente Jair Bolsonaro. Nas redes sociais, Eduardo havia vinculado o governo chinês à "espionagem" por meio da tecnologia 5G, o que provocou protesto dos chineses. Para o Itamaraty, chefiado por Ernesto Araújo, a réplica chinesa criou "fricções desnecessárias" e prejudicou a boa relação entre os países.

Diante desse histórico e do atraso dos insumos, o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) sugeriu que uma delegação de parlamentares seja destacada para encontrar uma solução para a importação de insumos da China e também da Índia. Segundo ele, Bolsonaro não tem "condições" de estar à frente dessa negociação.

"O Congresso Nacional precisa mandar uma delegação parlamentar para conversar com a diplomacia chinesa a fim de negociar a vinda dos IFAs-Insumos Farmacêuticos Ativos para produção de vacinas no Brasil. O presidente não tem condições para negociar. @RodrigoMaia @davialcolumbre", escreveu o deputado no Twitter.

Além dos insumos chineses, o Brasil ainda aguarda a liberação de 2 milhões de doses da vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca. O governo brasileiro chegou a preparar um avião na semana passada para buscar o imunizante, mas o país asiático negou a liberação imediata.

Numa tentativa de acelerar essa liberação, Bolsonaro recebeu embaixador indiano no Brasil, Suresh K. Reddy, para uma reunião ontem no Palácio do Planalto. O país asiático, no entanto, ainda não definiu quando vai liberar as 2 milhões de doses.

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