A queda de 1,5% no consumo do governo no primeiro trimestre de 2015 ante igual período do ano passado (a maior nesta comparação desde o último trimestre de 2000) é explicada pelo ajuste fiscal, afirmou nesta sexta-feira, 29, Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “A maior queda nas despesas de consumo do governo tem a ver com o ajuste fiscal. E isso inclui o governo como um todo, nas esferas federal, estadual e municipal”, explicou.
A queda na despesa do governo é afetada pelo menor gasto corrente e menor gasto com pessoal, detalhou Rebeca. Segundo ela, o ajuste fiscal em curso, comandado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem impactado principalmente o quadro de servidores.
“Realmente, o governo não está contratando muito esse ano, não tem havido muitos concursos, o que afeta o volume do valor adicionado”, disse Rebeca.
Consumo das famílias
De acordo com a coordenadora do IBGE, a queda de 0,9% do consumo das famílias no primeiro trimestre do ano na comparação com igual período de 2014, a primeira nesta comparação desde o terceiro trimestre de 2003, foi influenciada pela desaceleração do crescimento da massa salarial real, tendência apresentada tanto na Pesquisa Mensal de Emprego (PME) quanto na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
Além disso, as operações de crédito para pessoa física seguem crescendo, mas abaixo da variação da inflação, o que significa queda em termos reais. O crescimento nominal do saldo de operações de crédito do sistema financeiro nacional para as pessoas físicas foi de 5,2%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta acumulada de 8,13% em 12 meses encerrados em março.
Ao mesmo tempo, a taxa básica de juros, a Selic, alcançou 12,2% ao ano ao final de março, frente aos 10,4% do encerramento do primeiro trimestre de 2014. “É um conjunto de fatores”, afirmou Rebeca.